Folha de S. Paulo


Mayra Aguiar vence japonesa e é bicampeã mundial de judô

Tamas Kovacs/MTI/Associated Press
Mayra Aguiar comemora vitória sobre a japonesa Mami Umeki na final do Mundial
Mayra Aguiar comemora vitória sobre a japonesa Mami Umeki na final do Mundial

Depois de cinco derrotas de brasileiras para japonesas no Mundial de Judô, o tabu chegou ao fim. E em dobro. Mayra Aguiar venceu duas japonesas em sequência, na semi e na final, para conquistar o seu segundo título mundial na categoria até 78 kg. A conquista veio com 11 segundos de golden score, quando a brasileira encaixou um golpe na então campeã Mami Umeki na Budapeste Arena, na capital da Hungria.

A medalha é a quinta da carreira de Mayra em Campeonatos Mundiais, voltando a se isolar como a brasileira que mais vezes foi ao pódio nesta competição. Ela estava empatada com Érika Miranda, que na terça-feira (29) ganhou o bronze na categoria até 52 kg, sua quarta medalha seguida em Mundiais.

Mayra também alcançou esse feito, mas entre 2010 e 2014. Foi prata em 2010, bronze em 2011 e 2013 e ouro em 2014. A série só foi interrompida em 2015, quando a brasileira foi surpreendida por uma polonesa na segunda rodada. Nesse meio tempo, desde 2010, ela ainda ganhou dois bronzes olímpicos. Agora bicampeã mundial, ela se iguala a João Derly, campeão em 2005 e 2007 e um dos seus tutores –os dois são gaúchos e crias da Sogipa. Tudo isso aos 26 anos, apenas.

Na campanha até chegar à semifinal, Mayra venceu Klara Apotekar (Eslovênia), Bernadette Graf (Áustria) e a francesa Audrey Tcheumeo, sua algoz na Rio-2016, sempre por ippon –esta última, aliás, ainda tomou dois wazaris.

Na semi, Mayra foi beneficiada por uma arbitragem polêmica. A brasileira encaixou um wazari no chão sobre a japonesa Ruika Sato e ficou em vantagem, em um momento em que as duas rivais tinham dois shidôs (punições). Com três, a atleta é desclassificada. Faltava um minuto para o fim da luta e Mayra não poderia mais ser punida, ao mesmo tempo em que precisava se defender.

Faltando cerca de nove segundos para o fim da luta, Mayra fez um falso ataque, que é quando a judoca finge tentar um ataque e vai direto para o chão, fugindo de um golpe. O árbitro central pediu que as duas rivais ajustassem seus quimonos, como se fosse punir a brasileira e encerrar a luta, mas mandou que o confronto continuasse.

Na final, não houve poréns. Mayra foi muito superior. Umeki, campeã mundial em 2015, só se defendeu a luta toda. A brasileira conseguiu um golpe a 1min34s do fim, mas que não contou como wazari –o shidô foi abolido. A luta seguiu empatada até o fim dos 4 minutos regulamentares, forçando o golden score e com Umeki sempre comprometida com duas punições –a terceira a eliminaria. A vitória, porém, veio com um golpe, um wazari.

O feito de Mayra ganha relevância quando se considera que as judocas japonesas vêm dominando o Mundial de forma incrível. Até aqui, com oito participantes, o Japão ganhou três medalhas de ouro, outras três de prata e uma de bronze.


Endereço da página:

Links no texto: