Folha de S. Paulo


Mesmo após processo na Justiça, Rivaldo quer voltar ao Mogi Mirim

O ex-jogador Rivaldo se colocou à disposição para ajudar na reestruturação do Mogi Mirim, que vive grave crise financeira. O ex-meia, campeão mundial com a seleção brasileira em 2002 já foi processado por supostamente ter se apropriado indevidamente de bens do clube do interior de São Paulo.

"Ele já conversou com membros do SOS Mogi Mirim e se colocou à disposição para ajudar. Contribuição financeira neste momento está descartada, mas ele pretende ajudar com sua imagem na busca por parceiros, investidores, patrocinadores e disponibilizar contatos ou facilitar o intercambio de jogadores", disse Betellen Dante, advogado do ex-jogador, que vive em Orlando (EUA).

"O Rivaldo está muito triste com toda essa história que está manchando a imagem do Mogi Mirim. Ele ainda tem muitos amigos na cidade e sempre tem conversado sobre o atual momento do clube", complementou.

Fundado em novembro de 2016 por torcedores que buscam recuperar o clube, o grupo SOS Mogi Mirim vê com bons olhos a reaproximação de Rivaldo, apesar das polêmicas que envolveram sua gestão à frente do clube.

Três sócios do Mogi Mirim acusam o ex-jogador de ter se apropriado de bens do clube.

Ele foi gestor da equipe entre outubro de 2008 e julho de 2015, quando negociou o time com o empresário português Victor Simões.

O pentacampeão é acusado de vender o patrimônio da agremiação, passar dois centros de treinamento para o seu nome e receber em sua conta pessoal o dinheiro de uma parceria com uma empresa do Uzbequistão.

Os sócios que entraram na Justiça contra ele pedem que a transferência dos dois CTs para o nome de Rivaldo, feita em 2013, seja anulada.

O advogado negou as acusações e disse que o ex-jogador emprestou mais de R$ 18 milhões ao clube.

Ele ainda citou que o empresário Victor Simões assumiu dívida de R$ 10,9 milhões do clube com Rivaldo e ainda não fez o pagamento.

"O Rivaldo se comprometeu a administrar, emprestar dinheiro e pagar todas as despesas. Ele saneou o clube. Não doou nenhum dinheiro, apenas emprestou e nunca se comprometeu a abrir mão disso. Deixou claro que queria reaver o dinheiro de maneira correta. Nós temos o extrato de todo o dinheiro que saiu da conta do Rivaldo e entrou na do Mogi Mirim", afirmou Dante.

Rivaldo jogou pelo clube de 1992 a 1993, quando fez parte do famoso Carrossel Caipira com Válber e Leto.

Depois, passou por Corinthians, Palmeiras, La Coruña, Barcelona, Milan e foi campeão mundial pela seleção brasileira em 2002.

Ainda jogou no Cruzeiro, Olympiakos (GRE), Bunyodkor (UZB), Kabuscorp (ANG), São Paulo e São Caetano.

Desmando

O Mogi Mirim vive uma situação de total desmando. A confusão política é tão grande que levou o clube a ter hoje dois presidentes simultaneamente: Luiz Henrique de Oliveira e Rogério Manera.

Oliveira assumiu a presidência da agremiação em julho de 2015, indicado pelo investidor português Victor Simões. Três meses depois, os dois se desentenderam.

Simões se afastou com o intuito de concorrer às eleições em novembro daquele ano, mas perdeu o prazo para inscrever sua chapa. Candidato único, Oliveira foi eleito para o biênio 2016-2017.

No entanto, uma assembleia de sócios do clube realizada no último dia 18 de julho destituiu Oliveira do cargo e elegeu Manera.

Até agora, no entanto, Oliveira não recebeu notificação oficial de sua destituição.

"Ele já está destituído. Já foi formalizado no cartório e agora estamos na expectativa de ele ser notificado. Ele já tem ciência sobre esse fato. Se precisar, vamos entrar com uma medida judicial", disse Rogério Manera. "O mandato é até dezembro, mas queremos assumir agora para preservar o pouco que sobrou. Não temos dinheiro para tocar o clube, mas esperamos uma mobilização da cidade para salvar o Mogi Mirim", afirmou.

A Folha tentou contato com Oliveira desde o início da semana, mas o dirigente não retornou às ligações.

A assessoria do clube afirmou que procuraria o presidente destituído, contudo não retornou o contato.


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