Folha de S. Paulo


Federação adianta cota, e Mogi Mirim continua na Série C do Brasileiro

Diego Ortiz/O Popular
Jogadores do Mogi Mirim deixam o estádio Vai Chaves após reunião com o presidente do clube
Jogadores do Mogi Mirim deixam o estádio Vai Chaves após reunião com o presidente do clube

Cinco dias após se recusarem a entrar em campo por estarem com os salários atrasados, os jogadores do Mogi Mirim retornaram aos treinos nesta quinta-feira (17) e viajaram para Juiz de Fora, onde a equipe enfrenta o Tupi no próximo sábado (19), pela Série C do Campeonato Brasileiro, equivalente à terceira divisão nacional.

A decisão foi tomada após reunião entre representantes dos atletas e da FPF (Federação Paulista de Futebol). Participaram do encontro os jogadores Emerson, Régis, Rodrigo, Edson e Júnior Timbó. Pela federação, estiveram presentes o ex-jogador Mauro Silva, vice-presidente integração com atletas, e Fernando Solleiro, vice-presidente executivo da entidade.

Os atletas pediram que a federação adiante o pagamento de parte da cota a que o clube terá direito pela participação na Série A3 do Paulista de 2018 e que o valor seja entregue diretamente aos jogadores com salários atrasados, sem passar pelas mãos do presidente do Mogi Mirim, Luiz Henrique de Oliveira. Eles temem que o clube receba o dinheiro e não quite os salários atrasados.

A Folha apurou que a entidade vai realizar o adiantamento da cota, mas ainda não definiu como atenderá o pedido dos atletas. Oficialmente, a FPF disse que "não comenta a situação financeira dos clubes filiados".

Os jogadores querem que pelo menos um mês de salários atrasados seja quitado. O zagueiro Emerson, por exemplo, não recebe há cinco meses.

A reportagem tentou falar com o presidente do Mogi Mirim, que não atendeu as ligações.

Apesar de voltarem ao trabalho, os jogadores não descartam um novo WO. Um atleta que pediu para não ser identificado por medo de represália por parte do clube disse que os jogadores se recusarão a entrar em campo novamente se não receberem nada até o fim de semana. Eles esperam que a FPF e o Mogi Mirim resolvam a situação.

Segundo o Regulamento Geral de Competições da CBF, o clube que perder duas partidas por WO no mesmo campeonato fica suspenso automaticamente de qualquer outra competição coordenada pela entidade pelo prazo de dois anos.

Líder do movimento dos jogadores que levou ao WO do Mogi Mirim na partida contra o Ypiranga, no último sábado (12), o meia-atacante Cristian, 37, ex-Palmeiras, Paraná e Ponte Preta, foi afastado do elenco pelo presidente Luiz Henrique de Oliveira. O jogador estava há dois meses sem receber.

"Estou no clube há dois meses e não vi a cor do dinheiro até agora, mas não tomei a frente disso por mim. Temos jogadores no elenco que estão aqui desde o início do ano e receberam no máximo um salário. Ele [Luiz Henrique de Oliveira] prometeu pagar na semana passada, mas não cumpriu. Pagou apenas parte de um mês do salário de quatro atletas", disse Cristian.

Segundo ele, pelo menos cinco jogadores já deixaram o clube devido a suas condições financeiras. Casos do atacante Nunes e dos goleiros Poty e Maringá, por exemplo.

Atualmente, o Mogi Mirim ocupa a última colocação do Grupo B da Série C, com 10 pontos -cinco a menos do que o Bragantino, primeiro fora da zona de rebaixamento. A equipe ainda tem mais quatro jogos para disputar até o final da primeira fase.


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