Folha de S. Paulo


Bernardinho pedala 160 km e mira Ironman após deixar seleção de vôlei

Pela primeira vez em 22 anos, Bernardinho, 57, não passou seu suposto período de férias à frente de treinamentos e campeonatos com as seleções de vôlei.

Em janeiro, quando anunciou que deixava a equipe brasileira masculina após mais de 15 anos de trabalho, o técnico se deparou com a situação incomum e, em vez de propriamente descansar, decidiu não desgrudar do esporte.

Com o tempo livre entre junho e julho, Bernardinho investiu menos tempo e energia no vôlei. Preferiu se aventurar em maratonas de ciclismo.

Disputou três provas de longo percurso. Uma na cadeia montanhosa de Dolomitas (Itália) e duas do circuito Gran Fondo, em Nova York e, no último domingo (6), em Conservatória (RJ).

Tais provas têm até 160 km de percurso. O Gran Fondo, cuja etapa fluminense foi a primeira no Brasil, ocorre em 11 países. Podem participar ciclistas profissionais ou não.

"Trato essas provas de ciclismo como grandes passeios onde o objetivo é completar e se sentir bem", afirmou o carioca, que dirigiu a seleção feminina entre 1994 e 2000 e a masculina, entre 2001 e 2016.

"Também é um trabalho de disciplina, pois o ciclismo é um esporte duro em vários aspectos, que te faz acordar cedo e sempre manter uma conduta."

Quando deixou a seleção masculina de vôlei há sete meses, na esteira do bicampeonato com o time nos Jogos do Rio, ele atribuiu a decisão à necessidade de ficar mais perto da família e se dedicar a novas atividades. O ciclismo surgiu como opção.

"Pedalar é um exercício de humildade permanente. Somos muito pequenos diante de tudo, e essa é uma terapia interessante", comentou.

Além do lado esportivo, ele ainda investiu em capacitação. "Tenho estudando, lido, dado palestras e participado de alguns eventos na área de educação. E fui aos EUA para um curso de liderança."

Bernardinho quer se manter dedicado ao ciclismo nos próximos anos, mas também disputar provas de triatlo como o Ironman. "É sempre no sentido de desafio. Não adianta cobrar dos outros se eu também não melhorar", disse.

Recentemente, Bernardinho fez uma movimentação na política. Ele, cujo nome tem sido ventilado ao Governo do Rio, deixou o PSDB, partido ao qual estava filiado desde 2013, e aderiu em abril ao Novo, que foi fundado em 2011. A assessoria do treinador informou que ele não quer fazer comentários sobre política neste momento. Em fevereiro, quando ainda não tinha deixado o PSDB, afirmou à Folha que não concorreria a cargos públicos em um futuro próximo.

PÉ NO VÔLEI

Mesmo longe durante as férias, ele não se desconectou totalmente do vôlei. Assistiu às partidas da seleção, que passou a ser dirigida por Renan Dal Zotto e terminou com o vice-campeonato da Liga Mundial ao perder para a França, em Curitiba.

Dal Zotto não foi o nome indicado pelo ex-técnico da equipe nacional –ele preferia que fosse seu ex-assistente, Roberley Leonaldo, o Rubinho, mas Bernardinho se pôs à disposição para ajudá-lo.

Chegou até mesmo a participar de reuniões para definição de planejamento da equipe nacional, no início do ano. Hoje, porém, não quer interferir no trabalho.

Com o final das férias, ele agora volta esforços ao time do Rio de Janeiro, que comanda há mais de uma década e que é atual campeão da Superliga feminina. Desde o final de julho o treinador voltou a comandar a equipe para a próxima temporada.


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