Folha de S. Paulo


Americanos vencem Bolt em sua última participação nos 100 m

Phil Noble/Reuters
Justin Gatlin reverencia Usain Bolt após a final dos 100 m do Mundial de Londres
Justin Gatlin reverencia Usain Bolt após a final dos 100 m do Mundial de Londres

Usain Bolt não é mais o homem mais rápido do mundo. O jamaicano de 30 anos se despediu neste domingo (5) da prova dos 100 m do atletismo com um terceiro lugar no Mundial de Londres, atrás dos americanos Justin Gatlin, 35, e Christian Coleman, 21.

O velocista, que não perdia a prova mais rápida do atletismo em mundiais e olimpíadas desde 2011 -quando foi desclassificado da final do Mundial de Daegu por queimar a largada- fez a corrida em 9s95, sua melhor marca na temporada, mas longe do seu recorde mundial (9s58), estabelecido em 2009.

Bolt percebeu que algo não estava bem ainda na semifinal. Acostumado a vencer as fases preliminares das competições com folga, ele terminou a sua bateria um centésimo atrás de Coleman.

"A minha largada está me matando. Normalmente ela melhora entre uma prova e outra, mas isso não está acontecendo", disse o jamaicano.

Na final, Bolt voltou a largar mal. Com o segundo pior tempo de reação, se esforçou para alcançar os rivais na parte final, como costumava acontecer em suas provas. Desta vez, ele não conseguiu.

Mesmo assim, foi por pouco. Gatlin chegou em primeiro, com 9s92, e Coleman logo atrás, com 9s94, de novo um centésimo melhor que Bolt.

"Eu precisava estar melhor posicionado após 30 metros, mas não estava com a melhor forma física que eu precisava estar", afirmou o jamaicano.

"Dei o meu melhor, mas meu corpo está me dizendo que é hora de ir", completou.

Mesmo sem o ouro, Bolt não mostrou raiva ou tristeza. Sorriu, cumprimentou os rivais, abraçou e tirou fotos com os fãs, e fez o sinal do raio, como tantas vezes já fez em suas comemorações.

Se o bronze de Bolt foi muito comemorado pelo público, o mesmo não pode se dizer do ouro de Justin Gatlin.

O americano, campeão dos 100 m nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, foi vaiado no estádio olímpico de Londres em diferentes oportunidades.

Ele já teve dois casos de doping na carreira. O último em 2006, quando foi punido com quatro anos de suspensão ao ser detectado excesso de testosterona em sua amostra. Após vencer a prova, colocou o dedo na boca pedindo silêncio aos críticos.

"É a última corrida de Bolt. Tive muitas vitórias e muitas derrotas ao longo dos anos. É uma ocasião maravilhosa", afirmou Gatlin em entrevista.

"Eu desliguei [as vaias] do meu pensamento e mantive meu foco. Era o que eu tinha que fazer", afirmou.

Após reverenciar Bolt ao fim da disputa, o vencedor da medalha de ouro abraçou o jamaicano. "A primeira coisa que ele fez foi me felicitar e dizer que eu não merecia as vaias. Ele é uma inspiração", afirmou Gatlin.

A despedida definitiva de Bolt do atletismo acontecerá no próximo sábado (12), quando ele participará da disputa do revezamento 4 x 100 m com a equipe jamaicana.


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