Folha de S. Paulo


Santos se arma e tem precedente de volante espanhol por grana de Neymar

O Santos acredita estar precavido para receber uma fatia da transferência do atacante Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain. Os espanhóis informaram nesta quarta-feira (2) que liberaram o jogador e aguardam o depósito da multa de 222 milhões de euros.

O departamento jurídico santista já reuniu casos precedentes, com transações nos mesmos moldes, caso precise apelar a Corte Arbitral do Esporte (CAS) para receber como clube formador. O principal deles é a transferência do volante espanhol Javi Martínez do Athletic Bilbao para o Bayern de Munique, em agosto de 2012.

Na ocasião, os alemães pagaram 40 milhões de euros pelo jogador (R$ 102 milhões à época), valor da multa contratual, então maior transação do futebol do país.

Posteriormente, o Osasuna, que participou da formação de Martínez, pleiteou receber 800 mil euros (R$ 2 milhões à época). O Bayern e o Bilbao brigaram para não repassar o montante, mas o modesto clube ganhou a queda de braço.

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"O Santos entende, obviamente, que tem direito a receber a sua parte. Essa situação já foi vista e analisada pelo CAS em outras oportunidades, seria muito fácil deixar um clube de fora assim. Reunimos casos precedentes de nível superior e de primeira instância. Por isso a Fifa não fala em taxa de transferência, mas, sim, em compensação", disse Cristiano Caús, advogado do clube, à Folha.

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De acordo com a legislação da Fifa, os clubes podem receber até 5% pelo mecanismo de solidariedade da entidade, criado para restituir os formadores nas transferências internacionais.

No caso de Neymar, o Santos pleiteará até 4% do valor, 8,8 milhões de euros (cerca de R$ 32,4 milhões), pelo cálculo do tempo do jogador na Vila Belmiro, dos 12 aos 21 anos.

A transferência ainda não chegou a um desfecho, mas um fator inédito pode levar a briga a outro patamar: o pagamento feito pelo próprio jogador. Na maior parte dos casos, a multa é depositada pelo clube, não pelo atleta. Existe a possibilidade de que Neymar, com recursos de terceiros, faça a transação.

"A Fifa presume muitas coisas: aliciamento, transferências irregulares, ma fé. Ela não se omite em um caso como esse, também. O formador tem a sua contribuição garantida", falou Caús.

Santos e Barcelona não possuem boa relação desde a negociação de Neymar, em 2013. As partes travam uma série de batalhas na Justiça. Recentemente, os espanhóis foram sentenciados pela Fifa a pagar 2 milhões de euros (cerca de R$ 7,3 milhões), mais juros. O clube optou por recorrer por "uma decisão ainda mais favorável".


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