Folha de S. Paulo


Análise

Dinheiro e obsessão por prêmio da Fifa fizeram Neymar sair do Barça

Reprodução/Twitter/silviofalcon
Operários retiram outdoor de Neymar do shopping 'El Corte Inglés', em Barcelona
Operários retiram outdoor de Neymar do shopping 'El Corte Inglés', em Barcelona

Todos os que defenderam a transferência de Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain prendem-se a um aspecto. No clube francês, será a estrela da companhia, não o coadjuvante de Messi, e seu novo papel de protagonista o deixará mais próximo da eleição de melhor do planeta. É provável.

Há dois problemas neste ponto de vista. O primeiro é ter como prioridade o prêmio de melhor do mundo. A ambição é legítima, mas o troféu individual não pode ser objetivo de um craque. Tem de ser conseqüência do trabalho.

O segundo defeito desta linha de raciocínio é julgar que o prêmio de melhor do planeta estará mais perto pela chance de ganhar a Liga dos Campeões pelo Paris Saint-Germain do que vencendo a Copa do Mundo pela seleção brasileira.

Evidentemente, há um milhão de hipóteses daqui até o segundo semestre de 2018, quando ocorrerá o próximo prêmio da FIFA ao qual Neymar pode se habilitar.

Hoje, parece mais provável o Brasil ser campeão mundial, com Neymar eleito o melhor da Copa, do que o PSG vencer a Liga dos Campeões, torneio do qual não é nem sequer semifinalista desde 1995.

Sim, a chance do Paris Saint-Germain aumenta com Neymar, e na boa companhia de Draxler, Cavani, Verratti... Não perca de vista que, nos últimos anos, o PSG jogou o torneio continental com Ibrahimovic em seu elenco.

Não chegou às semifinais. Deixemos de lado, por um segundo, este menosprezo confesso ao Paris Saint-Germain.

NEYMAR NO BARCELONA - Por temporada

Após o anúncio do Barcelona de que Neymar comunicou que quer deixar o clube, é iminente o acordo com os franceses. Um clube capaz de pagar 222 milhões de euros pela rescisão do contrato de Neymar com o Barcelona e de desembolsar 30 milhões anuais de salário pode perfeitamente criar surpresas de outra natureza. Ser campeão do principal torneio de clubes da Europa na primeira temporada de seu novo gênio.

Do lado de Neymar, sua vantagem técnica parece ser a de ter menos jogos de alta cobrança todas as semanas. O Campeonato Francês o castigará menos do que o Espanhol. Tem importância para ser o melhor do mundo.

Desde 1994, o melhor jogador do planeta e os craques de mais brilhante performance na temporada não conseguem brilhar nas Copas do Mundo. Melhor do planeta de 1997, Ronaldo foi bem na França, em 1998. Mas passou 40 dias com gelo no joelho. Luís Figo foi eleito melhor do mundo em 2001 e Zidane era de fato a majestade. Tanto o português quanto o francês chegaram extenuados à Ásia, em 2002.

Mal conseguiam andar e foram eliminados na primeira fase. Ronaldinho Gaúcho em 2006, Messi em 2010, Cristiano Ronaldo em 2014... Os maiores gênios de suas épocas não conseguiram jogar bem na Copa, desgastados pela temporada europeia.

Neymar pode fazer uma Liga dos Campeões brilhante e desgastar-se menos na França do que se desgastaria na Espanha. Nesse caso, chegar bem à Rússia para fazer uma Copa do Mundo fabulosa. Nesse caso, realizar o grande sonho de todo craque: ser campeão mundial. Como conseqüência, ser eleito o melhor do planeta.

Lembremo-nos de que não seria impossível jogar a temporada europeia pelo Barcelona, ser coadjuvante de Messi e ganhar a Copa na Rússia como protagonista da seleção. Neste caso, o objetivo equivocado de ser eleito o melhor do mundo a qualquer custo também seria alcançado.


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