A velocidade que a norte-americana Katie Ledecky, 20, desenvolve na água é tão alucinante quanto a absurda galeria de conquistas que acumula desde os 15 anos.
Nesta terça-feira (25), em Budapeste, a nadadora venceu os 1.500 m livre pela terceira vez consecutiva em um Mundial e atingiu um outro patamar em sua carreira.
Katie pôs no peito a sua 12ª medalha de ouro em Mundiais e se estabeleceu como a mulher mais vencedora da história da competição, cuja relevância é inferior somente à dos Jogos Olímpicos.
Ela superou sua compatriota Missy Franklin, que detinha 11 ouros. E ainda deve abrir vantagem, uma vez que ainda disputará mais três provas no evento na Hungria.
Nesta quarta (26), entra como favorita na final dos 200 m livre, prova da qual é campeã olímpica e mundial.
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Até domingo (30), data em que se encerra o torneio, também deve vencer os 800 m livre e o 4 x 200 m livre -ela já havia ganhado os 400 m e o revezamento 4 x 100 m.
Além da posição de soberania no naipe feminino, Katie, pouco a pouco, insere-se entre os gigantes da natação em toda a história. E aí incluem-se Michael Phelps, Ryan Lochte, Ian Thorpe e outros.
Com seus 12 ouros em Mundiais, ela superou Thorpe (11) e agora só fica atrás de Phelps (26) e Lochte (18) -único que se mantém em atividade.
O retrospecto permite projetar que Katie, uma vez sadia e motivada, pode superar Phelps no Mundial de 2023, quando terá apenas 26 anos.
Não se trata de futurologia barata. A norte-americana se tornou imbatível desde que despontou no cenário internacional, com um ouro nos 800 m livre nos Jogos de Londres, cinco anos atrás.
Katie não perdeu nenhuma prova individual em Jogos Olímpicos ou Campeonatos Mundiais. A única prata que tem no currículo nas duas competições veio nos Jogos do Rio, mas em equipe (revezamento 4 x 100 m livre).
"Katie Ledecky está em um outro planeta, então o objetivo nas provas é conquistar a medalha de prata. Que, para mim, vale como ouro", disse a espanhola Mireia Belmonte, que terminou atrás da norte-americana nesta terça.
Katie completou os 1.500 m livre 19 segundos à frente da europeia (15min31s82 contra 15min50s89). A italiana Simona Quadarella foi a terceira colocada (15min53s86).
Não é que a campeã bateu em peso morto. Mireia é a atual campeã olímpica dos 200 m borboleta e tem oito pódios em provas olímpicas e em mundiais em seu currículo.
A diferença de quase 20 segundos não é rara, e faz parte de um padrão que Katie tem imposto às oponentes.
Nos Jogos do Rio, triunfou nos 400 m com cinco segundos de vantagem em relação à medalhista de prata. Nos 800 m, de quase 12 segundos.
Recentemente, os 1.500 m foram incluídos no programa da natação para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
A medida será benéfica para a estrela, que tem tudo para aumentar sua coleção particular de láureas e façanhas nos próximos anos, mesmo que se faça de desentendida. "Não conto medalhas ou penso nas conquistas. Elas vêm."
RECORDES
Quatro recordes mundiais foram batidos nesta terça-feira. O britânico Adam Peaty quebrou duas vezes (26s10 e 25s95) o tempo dos 50 m peito, cuja final será realizada nesta quarta. Os brasileiros Felipe Lima e João Gomes Júnior disputam medalhas.
Ao anotar 58s10, a canadense Kylie Masse venceu os 100 m costas e baixou em dois centésimos a marca que era da britânica Gemma Spofforth desde 2009. Nos 100 m peito, a americana Lilly King fez 1min04s13, a melhor marca da história, e levou o ouro.