Folha de S. Paulo


Buraco no calendário deixa equipes femininas ociosas

Divulgação/Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Patricia Sochor
Patricia Sochor fez um dos gols do Santos no primeiro jogo das finais, na Vila Belmiro

Corinthians e Santos, que disputam nesta quinta-feira (20), às 18h, na Arena Barueri, o título do Campeonato Brasileiro feminino, mostram preocupação com o calendário do futebol no país. No entanto, ao contrário do que acontece no masculino, o problema não é o excesso de jogos, mas a falta deles.

O Santos, que venceu o jogo de ida por 2 a 0 e está mais perto de levantar a taça –pode perder por até um gol de diferença–, corre o risco de ficar até seis meses sem disputar uma partida oficial entre o término desta temporada e o início da próxima.

O time está classificado para a segunda fase do Paulista, que irá até a primeira quinzena de setembro. Se chegar à final, jogará no máximo até meados de outubro.

Depois disso, o time só volta a campo pelo Brasileiro do ano que vem. O torneio não tem uma data de início confirmada, mas o mais provável é que repita o formato deste ano e comece em março.

Até o ano passado, a CBF organizava o Brasileiro e a Copa do Brasil femininos. Os torneios eram disputados cada um em um semestre e duravam no máximo três meses.

Neste ano, a confederação extinguiu a Copa do Brasil para deixar o Brasileiro mais equilibrado e atrativo, com duas divisões e quatro meses de duração. A mudança, porém, deixou um espaço ocioso no calendário.

"O Brasileiro foi um sucesso. A qualidade dos jogos melhorou e os torcedores abraçaram suas equipes. Porém, precisamos criar duas competições nacionais para fomentar mais a modalidade", diz o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, 64.

"O masculino está jogando demais, enquanto o feminino está jogando pouco."

O Corinthians, que tem uma parceria com o Audax no futebol feminino, é outro que reclama do período sem competições. A equipe, que também está na segunda fase do Estadual, ainda disputará a Libertadores, que será realizada entre novembro e dezembro, no Paraguai. A vaga foi garantida com o título da Copa do Brasil de 2016.

"A CBF deveria fazer um outro campeonato para o calendário não ficar ocioso. Com apenas quatro meses de competição, muitas atletas ficarão desempregadas e muitas destas jogadoras sustentam suas famílias", disse Cristiane Gambare, diretora de futebol do Corinthians.

"Não podemos olhar apenas para São Paulo, que tem um Estadual com 16 clubes e praticamente seis meses de duração. Temos que olhar de uma maneira geral. Outros Estados não possuem tantas equipes qualificadas e nem competições", completa.

Sensação do Brasileiro feminino, a equipe amazonense do Iranduba, eliminada na semifinal, por exemplo, estuda várias ações de marketing para continuar pagando sua folha salarial de R$ 60 mil por mês até o final do ano.

O clube tinha receita com a venda de ingressos –no valor de R$ 20– nos jogos do Nacional realizados na Arena da Amazônia. No duelo contra o Santos, válido pela semifinal, mais de 25 mil pessoas assistiram ao jogo.

"Sem uma competição oficial no segundo semestre, fica muito difícil conseguir receita para quitar os compromissos com as atletas. Complica até mesmo para conseguir um patrocinador, já que não temos um torneio importante para exibir a marca do parceiro", diz o presidente do clube, João Amarildo Dutra, que negocia amistosos com times de outras cidades do Estado para obter receitas.

Atualmente, o Iranduba disputa a Copa do Brasil de futsal. O time vai ficar quase oito meses sem disputar um torneio nacional oficial.

CBF PLANEJA TORNEIO AMISTOSO COM OITO CLUBES

Para amenizar o período sem jogos, a Folha apurou que a CBF planeja criar um torneio amistoso para o segundo semestre.

Oito equipes seriam convidadas para o torneio: os seis melhores da Série A1 (Corinthians, Flamengo, Iranduba, Kindermann, Rio Preto e Santos) e os finalistas da A2 (Portuguesa e Pinheirense-PA). A realização depende da aprovação do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

O coordenador de futebol feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, afirmou que a entidade trabalha para atender aos clubes e melhorar o Brasileiro.

"Estamos estudando alternativas. Devemos ter ajustes para o próximo ano e a tendência é melhorar cada vez mais", disse o dirigente, que não vê a Copa do Brasil como solução.

"O formato da Copa do Brasil é bonito, mas não é a solução, já que o time pode disputar dois jogos e ser eliminado", afirmou.

O Brasileiro é promovido pela SportPromotion e a Klefer, em parceria com a CBF. Patrocinadora do torneio, a Caixa destina verba de R$ 10 milhões por ano. A organização paga transporte, alimentação e hospedagem dos times.

Os clubes da Série A1 recebem R$ 10 mil por jogo como mandante, R$ 5.000 como visitante e premiação pela colocação.

NA TV
Corinthians x Santos
18h SporTV


Endereço da página:

Links no texto: