Folha de S. Paulo


Crise do São Paulo em campo também passa por instabilidade na diretoria

15.out.2015/Saopaulofc.net/Divulgação
SAO PAULO,SP - 15/10/2015 - Carlos Augusto Barros e Silva, Leco. Quis o destino que hoje eu estivesse aqui, na condicao de presidente interino, com a incumbencia de conduzir, neste momento delicado, o processo que definira o futuro politico do nosso querido Sao Paulo Futebol Clube. (Foto: Saopaulofc.net/Divulgacao) ORG XMIT: AGEN1209211912189481 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Além de técnicos, São Paulo de Leco também troca dirigentes em ritmo acelerado

Apresentado nesta segunda-feira (10) como substituto de Rogério Ceni, Dorival Júnior tenta dar estabilidade ao São Paulo em campo.

Muito do trabalho do técnico e de seus jogadores, porém, depende primeiro de sua diretoria. E aí há um problema: nesta faixa do organograma do clube, não houve até o momento na presidência de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, qualquer senso de continuidade.

A rotatividade no comando do departamento de futebol tem sido ainda mais constante que a de treinadores.

Dorival é o quinto treinador a dirigir o time na gestão Leco, após Doriva, Edgardo Bauza, Ricardo Gomes e Ceni ""excluindo interinos da conta. À frente do comando do futebol do clube, o diretor executivo Vinícius Pinotti, há três meses no cargo, já é o oitavo dirigente registrado (ver relação ao lado), entre diretores e vice-presidentes.

O primeiro dispensado pela atual gestão no departamento foi o gerente José Eduardo Chimello. Vindo do Ituano, foi uma contratação de Carlos Miguel Aidar, o antecessor de Leco.

Um patamar acima, Leco trouxe de volta Ataíde Gil Guerreiro, desafeto de Aidar, como vice-presidente de futebol. Num cargo em geral de cunho institucional, o cartola exercia função operacional, em contato direto com o elenco, indicando reforços e atuante no CT da Barra Funda. Em cargo logo abaixo de Gil Guerreiro, nomeou Rubens Moreno como diretor de futebol.

Leco também acertou retorno de outra figura expurgada por Aidar meses antes: Gustavo Vieira de Oliveira. Sobrinho de Raí e filho de Sócrates, Vieira foi nomeado diretor executivo.

Em menos de um ano de trabalho, na sua segunda passagem pelo departamento, foi alvo de críticas no clube devido ao alto salário e a avaliação de que falhara na reforma do elenco.

Em 2016, Vieira foi substituído às pressas por Marco Aurélio Cunha, figura muito popular entre torcedores após seu trabalho na década passada como superintendente.

Diretor das seleções brasileiras femininas na CBF (Confederação Brasileira de Futebol), assumiu o cargo em caráter temporário, como uma espécie de "bombeiro".

Renato Gizzi/Brazil Photo Press/Folhapress
SÃO PAULO, SP, 13.09.2016 - FUTEBOL-SAO PAULO - Diretor de Futebo Marco Aurelio Cunha durante treino no CT da Barra Funda,zona oeste de São Paulo, na tarde desta terça-feira (13).(Foto: Renato Gizzi/Brazil Photo Press/Folhapress) *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Marco Aurélio Cunha voltou ao São Paulo quando time também estava ameaçado no Brasileiro

A essa altura, Gil Guerreiro e Moreno já haviam sido destituídos de seus postos. A má largada pela Libertadores de 2016 pressionava o presidente. No fim, o time reagiu com Bauza e foi à semifinal.

O cargo de Moreno passou a ser ocupado por Luiz Antônio de Cunha, que gerenciava as categorias de base.

O diretor só ficou três meses na função, devido a divergência com Gustavo Vieira.

A coexistência de dois diretores gerou confusão. Cunha defendia prioridade na aquisição do zagueiro Maicon, enquanto Vieira negociava, à sua revelia, com um então desconhecido Cueva.

Em mais uma reestruturação do departamento, os membros do Conselho Deliberativo José Jacobson Neto (diretor de futebol) e José Alexandre Medicis da Silveira (vice-presidente) foram, então, empossados por Leco.

Deixaram seus cargos após a reeleição do presidente, que promoveu mudança estrutural no clube. Vice-presidências foram extintas e, diretorias executivas, criadas, com Pinotti assumindo o futebol.

AUTONOMIA

Ex-diretor de marketing do São Paulo, acionista da empresa de cosméticos Natura, Pinotti financiou a compra do argentino Centurión em 2015.

Agora, espera dar profissionalismo ao seu novo setor.

"Incomoda o olhar raso de que um departamento de futebol só existe para contratar e vender. O que define o trabalho é gestão de pessoas", disse ao GloboEsporte.com.

Desde maio, saíram Luiz Araújo, Thiago Mendes e Maicon. Chegaram Denílson, Petros e os estrangeiros Robert Arboleda e Jonathan Gómez.

O desafio de Pinotti é levar adiante o planejamento sem que os resultados interfiram, da mesma forma como levaram à queda de um ídolo do porte de Rogério Ceni.

Em campo, a gestão de Leco tem o pior aproveitamento entre os presidentes do São Paulo neste século (47,4%).

Após apresentar Dorival, com Pinotti ao seu lado, Leco encerrou seu discurso sem lhe dar a palavra: "Da parte da diretoria, é tudo".

Editoria de Arte/Folhapress/Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: