Folha de S. Paulo


Celebridade nas Filipinas joga evento de Neymar para aparecer no Brasil

Com intenção de voltar ao Brasil, Daniel Matsunaga, 29, ouviu um conselho.

"Dê entrevistas."

Foi o que ele fez. O brasileiro que representa a equipe das Filipinas foi, de longe, a principal atração do primeiro dia das finais do torneio Neymar Jr's Five, em Praia Grande (litoral de São Paulo). O evento reúne 30 equipes neste final de semana na sede do Instituto Projeto Neymar Jr. Neste domingo (8), dia da decisão, o jogador do Barcelona deverá estar presente para tirar os holofotes de Matsunaga.

Ele mora há 13 anos na Filipinas e é celebridade no país. Modelo, ator de novelas, cantor, apresentador vencedor do Big Brother local e jogador de futebol nas horas vagas, ele não consegue sair na rua sem ser assediado. É um dos principais influenciadores do país nas redes sociais. Tem 1,6 milhão de seguidores no Instagram e 462 mil no Twitter.

"Quando sou reconhecido e alguém grita na rua meu nome, sei que tenho de sair correndo", afirma.

Daniel Matsunaga

Matsunaga alega ter trabalhado como modelo em 35 países até se fixar nas Filipinas, nação que vive surto de violência urbana. O presidente Rodrigo Duterte instalou a lei marcial no país e defende a execução de acusados de tráfico de drogas. Milhares de pessoas deixaram a cidade de Marawi no final de maio por causa de conflitos entre o exército e grupo guerrilheiro fiel ao Estado Islâmico.

No fundo, esta é a razão para Matsunaga querer voltar. Isso apesar de saber que teria de começar do zero, já que ninguém o conhece. Sua mãe, Geralda, presente ao evento em Praia Grande, diz, sempre citando "vontades de Deus" que o destino do seu filho é retornar ao Brasil.

Dentro dessa perspectiva, o torneio que leva o nome de um dos principais nomes do futebol mundial na atualidade, lhe serve. Principalmente por ele ter seguido à risca a orientação de dar muitas entrevistas. Geralda credita a escolha das Filipinas como "chamado divino".

"Estou fazendo várias novelas e faço apresentação de programas de TV também. Tudo em filipino. Tive de aprender a língua com aulas particulares. E treinava futebol às 6 horas da manhã todos os dias. Eu que quis jogar bola. Fiz testes e entrei nas equipes. Já atuei em cinco. É pelo amor ao futebol", completa.

A irmã, também modelo, Vanessa Matsunaga, é outra que mora nas Filipinas.

Daniel Matsnuaga apareceu mais no contato com a imprensa do que em campo. Ele mesmo reconheceu que seu time é fraco. Fez o gol da única vitória filipina, sobre a Irlanda do Norte.

Mas o brasileiro não é o único com o pensamento de usar o torneio amador de um esporte similar ao futebol (os gols são pequenos e as regras, próprias) para alçar voos maiores. Mohd Azwann Bin Ismail tem convocações para a seleção da Malásia de campo. Especialista também em fazer malabarismos com a bola, ele chegou a Praia Grande com a esperança de chamar a atenção de alguém e continuar na América do Sul.

"Eu tenho o sonho de aprender o jeito brasileiro de jogar futebol. Para mim é uma grande experiência que gostaria de prolongar", afirma o jogador.

É algo que Kaine Wright, 20, já conseguiu. Ele vai ficar no país até agosto porque conseguiu testes para ser avaliado em alguns pequenos clubes.

No geral, incluindo as seletivas nacionais realizadas pela empresa que patrocina o evento, 104.079 jogadores participaram. O vencedor do torneio vai viajar a Barcelona para conhecer Neymar e assistir a uma partida no Camp Nou, estádio do clube catalão. Não será a equipe filipina, país em que Daniel Matsunaga é tão celebridade quanto o atacante da seleção de Tite.


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