Folha de S. Paulo


Em campo, São Paulo de Leco tem pior aproveitamento neste século

Em campo, a presidência de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, não tem dado muitos resultados ao São Paulo. Até o momento, seu trabalho apresenta o pior aproveitamento de pontos do clube neste século.

Desde que assumiu o cargo, em 27 de outubro de 2015, o time fez 112 partidas e teve um rendimento de 47,9%.

O presidente foi reeleito em abril deste ano e ficará no poder até dezembro de 2020.

Com aproveitamento de 50,5% à frente do São Paulo, em 35 jogos, o estreante e demitido Rogério Ceni não ajudou muito a elevar a marca do presidente, é verdade. Mas superou os antecessores que trabalharam com Leco.

Em 2016, primeiro ano efetivo do atual presidente, a equipe só somou 45,7% dos pontos que estavam em jogo. O argentino Edgardo Bauza, Ricardo Gomes e os interinos André Jardine e Pintado se alternaram no banco.

Com rendimento tão baixo, é natural que o São Paulo não tenha se aproximado da disputa por títulos. O mais perto que chegou foi à semifinal da Libertadores, na última temporada, em campanha sofrida com Bauza.

Os números de Leco ficam devendo até mesmo para os da conturbada presidência de Carlos Miguel Aidar.

Seu antecessor, que renunciou ao mandato em outubro de 2015, após seguidos escândalos, sustentou aproveitamento de 59,8%, com o vice-campeonato brasileiro de 2014 inflando seus dados.

O auge no século, em termos de rendimento, foi durante o segundo mandato de Juvenal Juvêncio (2006-2008), quando o São Paulo ganhou 64,4% dos pontos disputados, a caminho do único tricampeonato nacional na era de pontos corridos.

'PROTEÇÃO'

Excluindo interinos da conta, Ceni foi o quarto a exercer a função de técnico durante a gestão de Leco.

O presidente se isentou de culpa no projeto falho e afirmou nesta terça-feira (4) que a demissão do ídolo foi até mesmo uma forma de preservá-lo de críticas da torcida.

"Estamos protegendo uma figura histórica. Em razão de um novo momento e de um novo trabalho, ele vinha sendo objeto de desgastes que um homem vitorioso como ele não merecia", afirmou.

Ceni ficou no cargo por apenas sete meses. Leco, porém, não acredita que a decisão de rescindir seu contrato tenha sido apressada.

"Certamente foi muito pouco", afirmou Leco. "Mas isso não se mede só pelo tempo. Se mede por tudo que vem acontecendo desde o início da trajetória. Os resultados precisam ser produzidos."

Mesmo sem ter dado voto de confiança a Ceni, o presidente são-paulino afirma que a presença da equipe na zona de rebaixamento do Brasileiro é "circunstancial"

"A diretoria segue pensando isso, mas sem ignorar [o rebaixamento de grandes no passado]. Até hoje não aconteceu conosco e espero que não aconteça. O trabalho é todo feito para isso. A possibilidade de recuperação existe", afirmou.

Historicamente, um aproveitamento de 48%, que é o da gestão de Leco, seria o suficiente para livrar as equipes do Brasileiro do descenso.

Para alcançar este patamar na sequência do campeonato, no entanto, a equipe vai precisar compensar esse esforço deficitário das 11 rodadas iniciais. Seu aproveitamento é de apenas 33,3%.

Também será necessário, de todo modo, que o São Paulo supere o rendimento que acumula desde outubro de 2015. Independentemente de quem seja o técnico.

À ESPERA

O São Paulo aguarda a resolução de questões particulares do técnico Dorival Júnior para anunciá-lo como sucessor do ex-goleiro Rogério Ceni.

O diretor executivo de futebol, Vinicius Pinotti, se encontrou com o treinador nesta terça-feira (4) em Florianópolis.

Em entrevista coletiva, Leco preferiu despistar sobre sua contratação.

"Já foi falado, mas não há nada conclusivo. É um processo que não se resolve num estalar de dedos. Exige algumas reflexões. Esperamos acertar com ele ou com outro nos próximos dias", disse.

No momento em que a cúpula são-paulina decidiu pela saída de Rogério Ceni, o nome de Dorival surgiu como consenso.

Ele começou o Brasileiro no Santos, mas foi demitido em 4 de junho.

Foi em sua primeira passagem pelo clube alvinegro que Dorival conquistou o maior título de sua carreira, a Copa do Brasil de 2010. Retornou à equipe em 2015 e fez boas campanhas, ficando em segundo lugar no Brasileiro do ano passado. Já passou por Cruzeiro, Vasco, Atlético-MG, Flamengo, Fluminense, Inter e Palmeiras, entre outros, sem o mesmo sucesso.


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