Folha de S. Paulo


Leco se isenta de culpa e diz que apostou em 'novato' Rogério Ceni

Gabriela Di Bella/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 18-01-2015, 17h00: Entrevista com o presidente do Sport Clube São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco. (Foto: Gabriela Di Bella/Folhapress, ESPORTE) ***EXCLUSIVO***
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do São Paulo

O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, explicou nesta terça-feira (4) a demissão treinador Rogério Ceni, anunciada na segunda-feira (3).

Segundo o dirigente, a decisão foi tomada por causa dos resultados negativos do ex-goleiro, que entregou a equipe na 17ª colocação do Campeonato Brasileiro, ou seja, na zona de rebaixamento.

Na Copa Sul-Americana, foi eliminado ainda na primeira fase para o modesto Defensa y Justicia, no Morumbi. Antes, caiu também na quarta fase da Copa do Brasil, para o Cruzeiro, e na semifinal do Campeonato Paulista, diante do Corinthians.

"Peço desculpa que a disponibilidade não é tanta porque estamos tratando das questões decorrentes da saída de Rogério Ceni, por quem tenho imenso respeito e apreço. A circunstância da saída dele não modifica em absolutamente esse aspecto. Ela se deu somente em razão de que o projeto desenvolvido sofreu percalços e pelo fato de o São Paulo não ter conseguido os resultados desejados, com eliminações e a situação difícil em que nos encontramos no Brasileiro. Acabamos nos obrigando a uma decisão seguida de profunda reflexão que se desenvolveu ao longo dos últimos dez dias", afirmou.

O dirigente fez o possível para tentar minimizar a culpa da diretoria na queda de Rogério Ceni. "A diretoria não tem nenhuma responsabilidade direta. A diretoria teve a coragem de contratá-lo sendo uma figura desconhecida e novata no tema da direção técnica. A diretoria confiou no trabalho, deu a ele todas as condições de realizá-lo, todas e um pouco mais. É inegável. A diretoria acabou concluindo que uma trajetória descendente para a história dele e do clube deveria merecer um enfrentamento. Entre agir e omitir, preferimos agir. E fizemos de forma segura", afirmou o mandatário.

"Essa trajetória descendente precisaria ser interrompida. Foi serena e respeitosa com ele, inclusive com a segurança de estar, de uma certa forma, protegendo uma figura histórica, da tradição do São Paulo, um de seus maiores ídolos. Infelizmente, em razão de novo momento e trabalho, vinha sendo objeto de desgaste para a figura dele, algo que não merecia. Por essa razão é que ocorreu a deliberação que tomamos e ela, enfim, certamente causou comoção. Causou contrariedade, mas também compreensão a muitos. Posso assegurar diante de tantas manifestações que tive conhecimento", complementou Leco, na sala de imprensa do centro de treinamento da Barra Funda.

No total, foram 37 partidas de Rogério Ceni como treinador, começando pela estreia na Florida Cup com empate sem gols contra o River Plate e terminando com derrota por 2 a 0 para o Flamengo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, no último domingo.

"A diretoria segue pensando que é apenas circunstancial, mas com responsabilidade de não ignorar que isso aconteceu com outros grandes e pode acontecer com a gente. Nunca aconteceu e a gente faz de tudo para evitar. A possibilidade de recuperação existe e há qualidade para isso", disse Leco.

O dirigente fez o possível para tentar minimizar a culpa da diretoria na queda de Rogério Ceni. "A diretoria não tem nenhuma responsabilidade direta. A diretoria teve a coragem de contratá-lo sendo uma figura desconhecida e novata no tema da direção técnica. A diretoria confiou no trabalho, deu a ele todas as condições de realizá-lo, todas e um pouco mais. É inegável. A diretoria acabou concluindo que uma trajetória descendente para a história dele e do clube deveria merecer um enfrentamento. Entre agir e omitir, preferimos agir. E fizemos de forma segura", afirmou o mandatário.

Além de Ceni, a comissão técnica já havia perdido o auxiliar inglês Michael Beale, que pediu demissão na última sexta-feira (30). Outro que teve a saída confirmada foi o francês Charles Hembert, supervisor de futebol.

"Certamente o tempo foi muito pouco, mas isso por si só não se mede pelo tempo, mas por tudo o que está acontecendo nesse processo. Dois anos, aconteça o que acontecer? Não pode ser dessa forma", ponderou o cartola.

O provável substituto de Rogério Ceni no cargo é Dorival Júnior. Nesta terça-feira (4), em Florianópolis, o diretor de futebol do São Paulo, Vinícius Pinotti, reuniu-se com o treinador para discutir a proposta.

O dirigente ficou satisfeito com a conversa do técnico e agora vai discutir com Leco qual o desfecho da transação. A tendência é de que o contrato seja assinado com prazo até dezembro de 2018.

Dorival também teria ficado bem impressionado com o encontro. O treinador foi escolhido como o nome de consenso entre os dirigentes são-paulinos. Após deixar o Santos, há um mês, o treinador havia recebido sondagens de Dubai e da China. Porém, deixou claro para o seu estafe a intenção de permanecer no Brasil. Por isso, a proposta são-paulina é vista com bons olhos pelo técnico.

No entanto, a tendência é de o treinador ser apresentado em São Paulo apenas na próxima semana. A mulher de Dorival tem um exame cardiológico agendado neste fim de semana e ele deve acompanhá-la até domingo (9).

Enquanto o novo técnico não começa o trabalho no CT da Barra Funda, o cargo será ocupado de maneira interina pelo auxiliar Pintado, que deve comandar a equipe no domingo, na Vila Belmiro, no clássico com o Santos.

"Falado já foi, mas nada conclusivo. Houve manifestação recíproca de interesses, mas não é algo que se resolve num estalar de dedos. Exige mais relacionamento. Ainda não há nada concluído. E pretendemos fazer com ele, ou com outro, porque há outras opções, já nos próximos dias", disse Leco.


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