Folha de S. Paulo


Escândalo de doping chega ao futebol russo

Franck Fife/AFP
Russia's forward Dmitry Poloz (C) and teammates acknowledge the fans after Russian lost 2-1 in the 2017 Confederations Cup group A football match between Mexico and Russia at the Kazan Arena Stadium in Kazan on June 24, 2017. Hosts Russia is eliminated from the tournament. / AFP PHOTO / FRANCK FIFE
Jogadores da seleção russa agradecem apoio da torcida, após eliminação na Copa das Confederações

O tema doping voltou a sacudir o esporte russo. E desta vez o futebol está no centro do furacão.

De acordo com o jornal britânico Daily Mail, os 23 jogadores que defenderam a seleção da Rússia na Copa do Mundo do Brasil em 2014 teriam feito uso de substâncias ilegais.

Deles, quatro fizeram parte da equipe que fracassou e acabou eliminada na primeira fase da Copa das Confederações no sábado: Igor Akinfeev, Denis Glushakov, Aleksandr Samedov e Maksim Kanunnikov.

De acordo com a publicação britânica, os nomes dos atletas estão presentes entre os mais de mil que foram acobertados pelas autoridades russas de acordo com o Relatório McLaren, que trouxe a público um sofisticado esquema de dopagem financiado pelo estado entre 2011 e 2015. O documento fala de 33 jogadores de futebol, mas sem detalhar quem são.

Em nota enviada à Folha, a Fifa afirma que está investigando tais alegações em conjunto com a Agência Mundial Antidoping (Wada, em inglês), mas não vai citar nenhum atleta individualmente enquanto as investigações não chegarem ao fim.

O que a entidade sim garante é que nenhum dos citados pela reportagem atuou sujo no Mundial.

"Todos jogadores que participaram da Copa do Mundo de 2014 passaram por testes antes e durante a competição, e todos resultaram negativos. A Fifa esteve a cargo dos testes que foram analisados no laboratório credenciado pela Wada em Lausanne (SUI)", diz o comunicado.

A entidade afirma ainda que o mesmo procedimento está sendo realizado na Copa das Confederações e até agora nenhum atleta testou positivo nos exames de sangue e urina.

As amostras também estão sendo analisadas na Suíça uma vez que o laboratório russo segue suspenso pela Wada. O mesmo sistema será aplicado na Copa do Mundo do próximo ano.

Ex-ministro do esporte da Rússia e atual vice-premiê, presidente do Comitê Organizador da Copa e da União Russa de Futebol, Vitaly Mutko, tratou de desqualificar a reportagem e afirmou se tratar de uma constante perseguição da imprensa inglesa.

"Não prestem atenção nisso, eles (a mídia inglesa) escrevem negativamente sobre nós desde 2010. No futebol, nunca houve e nem haverá doping. Nosso time é checado aleatoriamente, o controle de doping está disponível em todas as partidas de futebol. Esse assunto nem poderia ter surgido. Eles escrevem coisas sem sentido nos jornais britânicos, que você não precisa ler de manhã. Eles precisam escrever qualquer coisa", disse em entrevista à agência de notícias Tass.

O médico da seleção russa Eduard Bezuglov afirmou que não tinha conhecimento de tais investigações da Fifa e que todos os atletas estavam limpos.

"Nunca houve nenhuma violação por parte do time russo. Isso não faz sentido. As pessoas não deveriam nem prestar atenção em publicações como esta", disse.

O Relatório McLaren foi elaborado após alegações feitas pelo médico Grigory Rodchenkov, diretor do laboratório antidoping dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, de que havia um esquema para acobertar doping na Rússia.

Os resultados práticos até o momento foram o descredenciamento do laboratório de Moscou, a suspensão da Federação Russa de Atletismo e a proibição de seus atletasde competirem na Olimpíada de 2016 e no Mundial de Atletismo deste ano em Londres e o banimento completo do país dos Jogos Paraolímpicos de 2016. Além disso, atletas de diversas modalidades foram suspensos pelas respectivas federações internacionais.

Em dezembro do ano passado, o presidente Vladimir Putin assinou uma lei que prevê a prisão de técnicos, oficiais e médicos que coagirem atletas a se dopagem. A legislação, entretanto, não pune atletas que forem pegos com substâncias ilícitas.


Endereço da página: