Folha de S. Paulo


Consulta a árbitro de vídeo fica mais rápida, mas ainda gera reclamações

Franck Fife/AFP
Portugal's forward Cristiano Ronaldo vies for the ball during the 2017 Confederations Cup group A football match between Portugal and Mexico at the Kazan Arena in Kazan on June 18, 2017. / AFP PHOTO / FRANCK FIFE
Portugal e México pela Copa das Confederações; árbitro de vídeo entrou em ação na partida

Um minuto foi necessário para que o primeiro gol de Portugal na partida contra o México fosse anulado por impedimento, no domingo (19), pela Copa das Confederações. No mesmo dia, um gol de Vargas, do Chile, contra Camarões, levou um minuto e 15 segundos para ser invalidado.

No ano passado, o árbitro Viktor Kassai demorou cerca de quatro minutos para, após ser avisado da não marcação de um pênalti para Kashima Antlers, verificar a jogada em um monitor ao lado do campo e autorizar a cobrança por parte do time japonês.

Um dos principais problemas identificados nos testes realizados com árbitro assistente de vídeo no Mundial de Clubes do ano passado, a demora para se alterar as marcações de campo, melhorou na Copa das Confederações. No entanto, o uso da tecnologia continua suscitando debate no mundo do futebol.

Um fator foi preponderante para a diminuição do tempo em que a arbitragem definiu os lances. Em nenhuma das situações que o recurso foi acionado na Copa das Confederações, o juiz principal usou o monitor a que tem direito na beira do gramado para ratificar a nova marcação, ao contrário do que aconteceu no Mundial, quando o sistema foi testado.

A Fifa afirmou à Folha que não há nenhum tipo de recomendação específica para que os juízes deixem de analisar os lances na beira do gramado. Segundo a entidade, os árbitros têm a liberdade de rever a imagem, caso permaneçam com dúvidas.

Em quatro jogos na Copa das Confederações, a tecnologia já foi utilizada em cinco oportunidades, anulando dois gols, validando um e confirmando outros dois.

Até o momento, a Fifa se mostrou satisfeita com o sistema e as decisões tomadas pelos árbitros de vídeo. O órgão entende que houve justiça nos resultados graças à aplicação da tecnologia, e o tempo para as decisões está adequado. A entidade, porém, reconhece que ainda há espaço para melhorias.

"Claro que existem situações difíceis. Na frente do vídeo temos um humano fazendo a interpretação. O futebol é muito rápido e falamos de centímetros muitas vezes. Mas o que queremos é eliminar um erro claro, um escândalo que as pessoas fiquem lembrando para a vida toda", disse Massimo Busacca, chefe do departamento de arbitragem.

Neste período experimental, a federação tem procurado ser bem didática para explicar ao público o novo sistema. Antes de cada partida, um vídeo em inglês é exibido no estádio sobre o sistema. E sempre que existe um lance sob revisão, uma outra mensagem é colocada nos telões.

POLÊMICA

Apesar dos esforços para explicar o novo recurso, a tecnologia ainda incomoda alguns jogadores e treinadores. Quase todos estão atuando pela primeira vez em partidas com uso do assistente de vídeo.

"Este sistema tira um pouco a essência do futebol. É algo muito estranho. Você não pode comemorar um gol tranquilamente. Precisa esperar uma repetição ou que o árbitro confirme", afirmou o chileno Marcelo Díaz.

"Ninguém entende ainda o que está acontecendo. Eu fiquei tentando saber por que o gol foi anulado. Mas temos de aceitar. Essas são as regras e é com elas que temos de nos preparar para entrarmos em campo", afirmou o técnico português Fernando Santos.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, afirmou querer que o recurso seja usado na Copa. Antes, precisa de uma autorização da International Football Association Board, órgão responsável pelas regras do jogo, que liberou em março de 2016 os testes com a tecnologia por dois anos.

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