Folha de S. Paulo


Nadal joga final em Paris por décimo troféu, recordes e reafirmação na elite

Christian Hartmann /Reuters
O tenista espanhol Rafael Nadal enfrenta Nikoloz Basilashvili, da Geórgia, na 3ª rodada de Roland Garros, em Paris, nesta sexta
Nadal tem os melhores números da carreira em Roland Garros deste ano

Bastam três sets a seu favor neste domingo (11) para Rafael Nadal, 31, obter o décimo título de Roland Garros.

Mas uma eventual vitória sobre o suíço Stan Wawrinka na partida que começa às 10h (de Brasília) tem significado muito maior para o espanhol.

Com o triunfo, ele se tornará o primeiro tenista da história a conquistar dez troféus de um mesmo Grand Slam.

Não seria algo inédito para Nadal. Nesta temporada, ele se tornou o primeiro decacampeão de outras duas etapas do circuito ao vencer o Masters 1.000 de Monte Carlo e o ATP 500 de Barcelona.

Não bastasse isso, a taça na sua tão conhecida quadra Philippe Chatrier, a principal em Roland Garros, também o isolará como segundo maior vencedor dos quatro torneios mais cobiçados do mundo: a exemplo do norte-americano Pete Sampras, ele tem 14, quatro a menos que o suíço Roger Federer.

Roland Garros 1997
Relembre a campanha de Guga

"Estou muito feliz por tudo e vou tentar dar meu melhor neste domingo", afirmou Nadal após vencer o austríaco Dominic Thiem (7º) por 3 sets a 0 na sexta (9).

Motivos não faltam para confiar em um resultado positivo. Nadal nunca perdeu uma final em Paris -venceu em 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014-e, dos 18 confrontos contra Wawrinka, ganhou 15.

Se é bem verdade que o suíço o derrotou na única final de Grand Slam que disputaram, a do Aberto da Austrália-2014, agora Nadal parece fortalecido. Não perdeu nenhum set até agora no torneio e cedeu apenas 29 games aos oponentes -sua melhor campanha no torneio.

Apesar disso, ele se disse cauteloso em relação ao confronto e evitou clima de revanche com Wawrinka.

"Vingança é uma palavra que não faz parte do meu vocabulário. Para mim, cada partida é diferente. Toda vez que eu entro em quadra, considero que aquele jogo é importante. O melhor jogador vai vencer", comentou.

O duelo entre ambos também vale o segundo lugar do ranking mundial. Quem vencer assumirá a posição. O britânico Andy Murray, batido por Wawrinka na semifinal, seguirá como número 1.
ressurreição

O patamar de Nadal seria impensável há seis meses, no início da temporada. Em 2016, devido a lesões e maus resultados, faturou só dois títulos, nenhum deles de Grand Slam, e quase deixou o top 10 do ranking -chegou à nona colocação.

Em meio ao declínio, anunciou que seu tio, Toni Nadal, faria sua última temporada como técnico e que o ex-tenista Carlos Moyá, que foi número 1 do mundo e venceu Roland Garros em 1998, o substituiria.

A temporada de 2017, porém, tem lhe reservado circunstâncias bem diferentes. Em seis meses, o espanhol foi vice-campeão do Aberto da Austrália e no Masters 1.000 de Miami. No saibro, foi quase imbatível.

Ganhou Monte Carlo, Barcelona, Madri e só sofreu uma derrota em Roma para Thiem, a quem bateu na semifinal em em Paris. Agora, ele briga para ser o melhor tenista do mundo uma vez mais.

MAIS UMA VEZ "AZARÃO"

Nos pontos e jogos mais difíceis, o suíço Stan Wawrinka, 32, gosta de erguer a mão e apontar o dedo indicador para a cabeça. Quer mostrar para torcida e rival que é mentalmente forte para a empreitada.

Neste domingo, o número três do mundo vai precisar da potência de seus golpes e também de muita paciência. É o efeito que um Rafael Nadal em plena forma causa.

"Encarar Rafa no saibro nesta final é provavelmente o maior desafio que existe no tênis. Ele é o melhor de todos os tempos neste piso", avaliou o suíço, que bateu o britânico Andy Murray na semifinal.

Wawrinka disputa sua segunda final de Roland Garros em três anos, após ser campeão em 2015. Ele tem fama de tenista de chegada. Em três finais de Grand Slam, o suíço tem aproveitamento de 100%. Esse retrospecto não o livra da condição de azarão em Paris, de todo modo.

Não que se incomode com essa condição. Na final de 2015, o circuito mundial inteiro esperava pelo título de Novak Djokovic, que já havia conquistado o Aberto da Austrália e quatro Masters 1.000.

O suíço ainda perdeu o primeiro set, mas venceu os três seguintes, dominando o duelo no fundo da quadra, sacando muito bem e atacando com agressividade, com sua devastadora esquerda.

Contra Nadal, vai conseguir repetir a receita? Só se for usando a cabeça.

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