Folha de S. Paulo


Clássico entre Corinthians e São Paulo tem inversão de papéis

Expectativa: em janeiro, o São Paulo do "mito" Rogério Ceni, treinador estreante e rodeado de ideias inovadoras, prometia ir mais longe que o Corinthians do "desconhecido" Fabio Carille, relegado a quarta força do Estado.

Realidade: em junho, já campeão paulista, o Corinthians é líder invicto do Brasileiro. O São Paulo, eliminado de três mata-matas, teve de se contentar em ser competitivo com o que sobrou nas mãos.

Neste domingo (11), às 16h, em Itaquera, o clássico trará rivais sustentados por posições diferentes do que sugeriam os prognósticos, embora o objetivo de ambos fosse o mesmo: reconstruir-se.

O mérito de Carille foi não mexer por completo na estrutura tática implantada por Tite -ele foi auxiliar do agora técnico da seleção brasileira no Corinthians.

Adaptações foram feitas, como a linha de volantes mais próxima do armador e do centroavante. Desta forma, a troca de passes qualificou-se e os contra-ataques ficaram mais perigosos.

A defesa continua segura, com três gols sofridos em cinco jogos no Brasileiro.

"Nossa forma de jogar é clara. Eu faço ajustes, mas não mudo. Deixo o triângulo no meio, vou alinhar de acordo com os problemas da partida", resumiu o treinador.

Sem reforços de peso, as apostas de Carille, dentro das opções viabilizadas pelo Corinthians, deram certo.

O exemplo é Jô, que saiu do ostracismo na China para a artilharia do time no ano: 11 gols. Para preocupação do rival, ele marcou nos seis clássicos que atuou em 2017.

Diante de equipe organizada e em alta, o São Paulo busca afirmação após levar um choque de realidade.

Sem experiência como treinador, Ceni trouxe a badalação que o status de ídolo lhe confere para o novo desafio da carreira. Observou métodos de trabalho em clubes da elite mundial e montou comissão técnica com europeus, o inglês Michael Beale e o francês Charles Hembert.

Depois de sofrer três eliminações consecutivas -no Paulista, na Copa do Brasil e na Sul-Americana-, a postura mudou. Tanto a de Ceni quanto a do São Paulo, atual sétimo colocado no Brasileiro, com nove pontos.
O esquema com três zagueiros mostrou-se eficiente.

Aliada à boa fase do goleiro Renan Ribeiro, o time tem a defesa menos vazada do Brasileiro, com dois gols sofridos, ao lado do Coritiba.

O ataque ainda demora a engrenar, e depende de ajustes com a bola rolando.

Foi com gols apenas no segundo tempo que o São Paulo bateu o Palmeiras e, na última quinta-feira, o Vitória.

"Eles são mais táticos, nós somos mais ofensivos e individualistas", analisou Ceni sobre o duelo deste domingo.

São estilos distintos, mas com números equivalentes.

Corinthians e São Paulo superam os 90% de acerto de passes, segundo o Footstats.

Têm o mesmo número de finalizações a gol, 24 para cada, mas com acerto um pouco maior do alvinegro (43,6%, contra 40% do tricolor).

Sem a bola, os dois times registram eficiência superior a 86% em desarmes, também de acordo com o Footstats.

Carille e Ceni têm perfis diferentes, mas valorizam muito o que as estatísticas dizem.

Há muito mais semelhanças entre Corinthians e São Paulo do que sugere a trajetória dos rivais em 2017.

NA TV
Corinthians x São Paulo
16h Globo (SP) e pay-per-view


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