Folha de S. Paulo


Confederação brasileira aguarda revogação de punição pela Fiba

Charlie Neibergall/Associated Press
Spain's Nikola Mirotic, center, passes between Brazil's Leandro Barbosa, left, and Marcelinho Huertas, right, during a basketball game at the 2016 Summer Olympics in Rio de Janeiro, Brazil, Tuesday, Aug. 9, 2016. (AP Photo/Charlie Neibergall) ORG XMIT: OBKO101
Após campanha decepcionante na Rio-2016, seleção brasileira está suspensa

A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) recebeu na semana passada uma visita de inspeção do dirigente espanhol José Luis Sáez, enviado pela Fiba (federação internacional) para avaliar eventuais avanços em sua gestão. Está em jogo, agora, a derrubada de punição que afasta seleções, clubes e até mesmo árbitros do país de competições globais.

Sáez foi acompanhado no Rio pelo ex-jogador Paulinho Villas-Bôas, de bom trânsito com o COB (Comitê Olímpico do Brasil), que tem ajudado politicamente a CBB a recuperar a certificação.

A liberação ou não da confederação brasileira passa por relatório que será escrito pelo espanhol. Ao se despedir do emissário, os dirigentes brasileiros manifestam otimismo de que a suspensão imposta desde novembro do ano passado seja revogada.

Inicialmente aguardada para o próximo dia 21, data da próxima reunião do Comitê Executivo da entidade, a decisão pode ser antecipada para domingo (11).

A suspensão já afastou os clubes do país da última edição da Liga das Américas. Também custou às seleções masculina e feminina sub-19 vagas para os Mundiais obtidas em quadra. Os times sub-15 foram barrados dos Sul-Americanos, perdendo todo um ciclo como consequência.

A incerteza agora se aproxima das seleções principais. Em novembro, a Fiba vai por em prática seus novos planos para o calendário internacional. A principal mudança diz respeito à instauração de um sistema de eliminatórias para a próxima Copa do Mundo, em 2019, emulando o formato de disputa do futebol. Até o momento o Brasil está excluído desta agenda.

"É uma situação horrível para nós", disse o armador Raulzinho. "Nós jogadores temos de nos preparar para conseguir resultados, mas ficamos na dependência do trabalho da diretoria. Vamos pensar positivo para tentar sair desse buraco."

CONTRA O TEMPO
Em menos de três meses, o novo presidente da CBB, o empresário e ex-jogador Guy Peixoto, teve de se desdobrar com poucos recursos.

No plano administrativo, submeteu as contas - e dívidas perto de R$ 20 milhões - da confederação auditoria independente, buscando possíveis fraudes. Antes mesmo de a empresa começar a trabalhar, Peixoto já sabia que sua situação era mais grave do que supunha.

A nova gestão também conseguiu uma CND (Certidão Negativa de Débitos) do Ministério da Fazenda, que lhe permite receber novamente dinheiro das loterias federais, via Lei Piva.

Do ponto de vista técnico, a CBB confirmou na última sexta-feira que fará uso da Arena Concórdia, em Campinas, como centro de treinamento das seleções. O acordo foi antecipado pela Folha.

Internamente, o impasse da CBB imposto pela Fiba é o seguinte: como gerar recursos quando as seleções brasileiras, seu principal ativo, estão suspensas pela própria federação internacional?

O diagnóstico, hoje, indica que a hesitação da Fiba transcende a dívida contraída pela compra de vaga para a seleção masculina no Mundial de 2014. Estão pendentes 175 mil euros (R$ 642 mil).

É uma questão de resgate de credibilidade da CBB, após sucessivos calotes dados pela gestão Carlos Nunes e do enxergam como o sucateamento da confederação.

A desconfiança cultivada por Nunes afetou a linha de sucessão da CBB. Antes mesmo de Peixoto vencer a eleição em março, tanto suas propostas como as de seu concorrente, Amarildo Rosa, presidente da federação paranaense, foram recebidas inicialmente com frieza.

APOIO
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e o diretor-executivo de esportes da entidade, Alberto Guimarães, farão uma rodada de visitas a federações internacionais na Europa. No roteiro está sede da Fiba, para conversar sobre a derrubada da punição.

Mesmo a NBA, por meio de seu escritório brasileiro, procurou intermediar um acordo, sem sucesso.

O chefe do escritório, Arnon de Mello, participou de uma reunião na Suíça, em fevereiro, na qual o secretário-geral e o presidente da FIBA, respectivamente o suíço Patrick Baumann e o argentino Horacio Muratore receberam os então postulantes a mandatários da CBB e o próprio Nunes.

O áspero tratamento dado pela Fiba à situação, no entanto, não encontra unanimidade em sua alta cúpula. Vem de Baumann, em especial, o principal foco de resistência às iniciativas dos dirigentes brasileiros. Já Muratore, eleito em 2014, estaria mais suscetível a deixar a contenda com a CBB para trás.

É o suíço, porém, quem dá as cartas dentro da entidade, no cargo desde 2003.


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