Folha de S. Paulo


Guga receberá homenagens em Roland Garros por 20º aniversário de título

Gustavo Kuerten, o Guga, três vezes campeão de Roland Garros, diz que está pronto para se emocionar novamente na quadra central de saibro mais famosa do mundo, onde vai receber homenagens pelos 20 anos da conquista de seu primeiro título nos dias 8 de junho, data da vitória sobre Sergi Brugera em 1997, e no dia 11, data da final da chave masculina desta edição do torneio.

O tenista, que tem sua foto com o troféu espalhada pelo complexo de Roland Garros, esteve nesta segunda-feira (29) em Paris para participar de atividades de um de seus patrocinadores (Peugeot). Vai na sequência passear em Londres com a família e volta na próxima semana para as homenagens. "Acho que vou receber um anel do Hall da Fama. Não quis saber muito como vai ser porque adoro surpresas. Principalmente em Roland Garros." Neste ano, a mãe de Guga, Alice, que foi a torcedora número um de Guga em Paris, volta à quadra central Philippe Chartrier para aplaudir o filho.

Guga sabe que vai chorar. Como ocorreu no ano passado, quando Novak Djokovic venceu em Paris e, copiando o brasileiro, desenhou um coração na quadra. "Ele me pediu autorização para fazer isso, mas, mesmo assim, foi muito emocionante constatar que eu fui influente na carreira do número um do mundo (posição ocupada à época pelo sérvio). Me senti de volta à quadra onde tive as maiores alegrias do tênis."

Antes de falar com a Folha, Guga bateu bola na quadra do Centro Nacional de Entretenimento da Federação Francesa de Tênis com o ex-tenista francês Henri Leconte (finalista do Aberto da França em 1988), convidados da empresa e jornalistas. O brasileiro disse que não joga há dois anos por causa das dores que o afastaram prematuramente em 2008 do circuito, mas não deixou de soltar o golpe de esquerda que torturou seus adversários nas quadras.

O ex-tenista afirmou que se sentiu muito orgulhoso nos últimos dias ao ver os brasileiros saboreando as memórias de seus títulos nas edições especiais publicadas em jornais e em sites. "É muito bom saber que, mesmo após 20 anos, o brasileiro ainda pode sentir orgulho dessa conquista porque, infelizmente, faltam exemplos positivos no país."

OPORTUNISMO

"O Brasil é o país do oportunismo, não das oportunidades", disse o campeão, se referindo à chance perdida por autoridades e clubes de tênis de aproveitar a esteira dos anos Guga para investir e formar novos campeões. "Infelizmente, no Brasil esse cenário é bem comum. Qual oportunidade o país aproveitou nos últimos 50 anos? Nenhuma!"

Mas ele não deixa de ser um otimista. Afirma que ainda dá para "surfar na onda de 1997" e espera contribuir para um cenário melhor. Nos últimos anos, espalhou 40 escolinhas Guga de tênis pelo país com a missão de formar treinadores e jogadores. "É um projeto de pelo menos 20 anos..."

Questionado sobre os favoritos para levantar o troféu deste ano, o brasileiro diz que Rafael Nadal, que busca seu décimo título em Roland Garros, tem uma margem de favoritismo maior que os outros do chamado top five.

"Mas, acredito que um jogador de ranking 20 ou 30 tem chance de chegar às finais." Quando ganhou seu primeiro título, Guga era o 66º do mundo.


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