Folha de S. Paulo


Estádio que viu doping histórico de Ben Johnson concentra shows

A raia 6 permanece ali, igual há quase 29 anos.

Foi na faixa de cem metros que delimita a extensão da prova mais nobre das pistas que a história do atletismo viu uma das maiores performances de todos os tempos. E que se comprovou uma das maiores fraudes do esporte.

No dia 24 de setembro de 1988, o canadense Ben Johnson deu-se ao luxo de erguer o braço direito na chegada dos 100 m. Ainda assim, venceu e bateu o recorde mundial (9s79).

Dois dias depois, Johnson teria a medalha cassada ao ser flagrado em exame antidoping com esteroide. O americano Carl Lewis herdou a láurea. O resto é história, contada e recontada inúmeras vezes.

Personagens passaram, mas o Estádio Olímpico de Seul mantém a raia 6 lá.

Quase igual, porque a instalação passou por renovações nas quase três décadas após a Olimpíada.

Desde o evento, a vocação da arena, inaugurada em 1984 e capaz de receber 70 mil pessoas, mudou.

Nunca mais foi palco de um megaevento esportivo internacional e se especializou em receber shows.

Na semana em que a reportagem da Folha visitou o local, houve apresentação do Coldplay –Michael Jackson e Paul McCartney já cantaram lá.

Divulgação/Kocis
Olympic Stadium: Vista do Estadio Olimpico que foi usado nos Jogos de Seul-1988 Foto: Divulgacao/Kocis ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Vista geral do Estádio Olímpico de Seul, que recebeu os Jogos de 1988

"O estádio olímpico e os outros equipamentos do complexo têm dois papéis: ser espaço de saúde para a população e receber eventos culturais", disse Yoon-sik Choi, funcionário da prefeitura, que é responsável por manter a área.

Além do palco da Olimpíada, também há ginásios para ginástica, basquete e natação. No nível subterrâneo está um pequeno museu com acervo de 1988.

O Estádio Olímpico recebe poucos eventos esportivos, como a Maratona de Seul. A federação de futebol planeja que a seleção nacional atue mais nele.

Com ou sem verniz competitivo, a arena se paga. Segundo Choi, em 2016 houve lucro operacional de R$ 5 milhões. "Contamos com o apoio financeiro da cidade, mas por vezes falta dinheiro. Buscamos maneiras de atrair mais receitas", afirmou.

Em 2019, o estádio vai receber os Jogos Nacionais da Coreia, e por isso haverá renovação dos assentos. Faz parte de um plano de levar mais esporte ao local. "Queremos que o estádio seja mais famoso para o mundo", concluiu.


Endereço da página: