Folha de S. Paulo


Kelly Slater não virá à etapa brasileira do mundial pelo segundo ano seguido

A etapa brasileira do Circuito Mundial de surfe começou com uma nota negativa. Um dos atletas mais aguardados pelos fãs locais, o americano Kelly Slater, 45, decidiu não comparecer ao evento.

Maior campeão da história da modalidade, com 11 títulos, ele disse em nota que dores nas costas o impedem de participar da competição. A etapa começa nesta terça-feira (9), às 7h, em Saquarema.

Wallace Barbosa/AgNews
Kelly Slater no Circuito Mundial de Surf Rio Pro na Barra da Tijuca part 1FOTOS: Wallace Barbosa/AgNews
Slater durante a etapa do Rio do Mundial de surfe em 2015

"Tenho sofrido com algumas lesões nas últimas temporadas e, infelizmente, preciso de um tempo para recuperar meu corpo. Não estarei no Rio e não sei quanto tempo precisarei", disse Slater em nota divulgada na tarde desta segunda-feira (8).

As lesões têm atrapalhado a performance de Slater. Em 2010, ele rompeu ligamentos de um joelho após queda no mar. Dois anos depois, deixou de participar da etapa do Rio devido a uma torção no tornozelo. Em 2014, quebrou três dedos do pé ao surfar fora de competição e ficou três semanas longe da água. Já a dor nas costas, motivo de sua ausência nesta etapa, o acompanha há anos e deriva de uma escoliose -uma curvatura da coluna vertebral.

"Minha lombar está constantemente doendo nos últimos três anos e apesar de eu ter conseguido lutar com a dor por curtos períodos, não resolveu o problema. Se eu não fizer isso agora [parar], em algum ponto vai acabar com meu corpo", disse o surfista, 13º do ranking.

Seu lugar será ocupado pelo brasileiro Bino Lopes, que era o primeiro na lista de espera. Com isso, o Brasil contará com 11 representantes na chave masculina -Silvana Lima é a única representante nacional entre as mulheres.

Em 2016, Slater também frustrou os torcedores brasileiros ao alegar "motivos pessoais" para não surfar no Rio.

Desta vez, a ausência é ainda mais sentida porque esta poderia ter sido sua última passagem pelo país como surfista profissional.

Em outubro de 2016, ele postou mensagem nas redes sociais que indicava sua aposentadoria no fim do ano.

Fãs de Slater, os surfistas brasileiros, no entanto, riem da possibilidade dele se aposentar. Isso porque o "quarentão" já fez a mesma ameaça algumas vezes.

"Supostamente é o último ano dele, né? Ele é a pessoa mais competitiva que já vi, não vai parar. Ele compete até na fila de check-in do hotel. Pergunta: 'o que você está fazendo aqui?'", diz à Folha Mineirinho, que chegou a ser chamado de "criptonita de Slater" após tê-lo vencido oito vezes consecutivas. Ao longo da carreira, bateu o lendário surfista em onze baterias.

Campeão em 2014 do World Qualifying Tour (equivalente à segunda divisão) de Saquarema, Wiggolly Dantas ironiza a suposta fim da linha para o americano.

"Ele fala isso para ter 'Ibope', não vai parar. Ele vai continuar incomodando por mais uns dois ou três anos. Continua surfando bem como sempre, e por isso vai continuar."

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