Folha de S. Paulo


Chapecoense supera tragédia e tenta inédito bicampeonato catarinense

Thiago Pedro/Futura Press/Folhapress
Lance durante a partida entre Avaí SC e Chapecoense pelo Campeonato Catarinense 2017
Lance durante a partida entre Avaí SC e Chapecoense pelo Campeonato Catarinense 2017

Vinte e seis jogadores contratados, uma nova comissão técnica e um clube que vive sob a sombra de uma tragédia. Após 169 dias do acidente que vitimou 71 pessoas, incluindo 19 atletas e 24 membros da delegação, a Chapecoense busca dar mais um passo na sua reestruturação com a conquista do inédito bicampeonato catarinense.

Desde que foi fundada, há quase 44 anos –10 de maio de 1973–, a equipe do oeste de Santa Catarina jamais conquistou duas vezes consecutivas o torneio.

Pentacampeã da competição (1977, 1996, 2007, 2011 e 2016), o time pode conseguir o feito neste domingo (7), quando enfrenta o Avaí, às 16h, na Arena Condá, em Chapecó, no jogo de volta da final. Como venceu o jogo de ida por 1 a 0, o clube pode perder por até um gol de diferença que fica com a taça.

"Se conquistarmos o título, vamos ficar eternizados. Vai ser um momento que vai ficar marcado por tudo o que aconteceu, mas o nosso grande título é o estágio que o clube se encontra hoje. Tivemos que começar tudo do zero", disse Rui Costa, diretor executivo da Chapecoense.

Ele foi o primeiro nome anunciado pelo clube catarinense, apenas dez dias após a tragédia. No mesmo dia, a equipe apresentou o treinador Vagner Mancini para o lugar de Caio Júnior, morto no acidente aéreo.

A tarefa era montar um novo elenco para 2017, temporada com mais jogos da história do clube. No total, o clube tem em sua agenda seis competições: Primeira Liga, Catarinense, Libertadores, Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileiro, além de torneios amistosos como a Copa Suruga, a Copa Joan Gramper e a Eusébio Cup.

"Pegamos um clube totalmente devastado e tivemos que remontar em menos de um mês para iniciar os treinamentos. Lembro que 15 minutos antes do dia 25 de dezembro estava ao telefone com o Mancini conversando sobre reforços. Posso dizer que nosso departamento de futebol trabalhou quase 20 horas por dia", afirmou Rui.

A escolha dos jogadores contratados começou após uma lista elaborada pelo diretor e Vagner Mancini que tinha 90 nomes. Posteriormente, o número reduziu para 50 e depois para 39.

O clube, porém, recebeu mais de 300 indicações. "Várias bizarras", disse Rui. "Pais mandavam vídeos falando que o filho que nunca havia sido profissional queria ajudar na reestruturação."

Foram 26 reforços. "Nenhum chegou empurrado. Não tem ninguém que estava em lista de dispensa", diz.

No começo, a Chapecoense alternou altos e baixos e chegou a ficar cinco jogos sem vencer entre o Campeonato Catarinense e a Copa da Primeira Liga –foi eliminada logo na primeira fase.

Mesmo assim, foi vice-campeã do primeiro turno no Estadual e campeã do segundo –tem a melhor campanha geral da competição. Na Libertadores, precisa vencer os próximos dois jogos para obter a classificação às oitavas.

Na Recopa Sul-Americana, venceu a primeira partida por 2 a 1 e pode conquistar o seu segundo título internacional na próxima quarta-feira (10), quando enfrenta o Atlético Nacional pelo jogo de volta.

FORA DE CAMPO

Familiares dos jogadores mortos na tragédia aérea com o avião da companhia aérea LaMia reclamam do descaso com que o clube os trata.

Há dois meses, a Folha mostrou que ao menos cinco viúvas de atletas mortos no acidente aéreo tem se movimentado para acionar a equipe catarinense na esfera trabalhista. Elas pedem integração do direito de imagem, que é pago por fora, ao salário para contabilização dos valor das indenizações.

Editoria de Arte/Folhapress
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