Folha de S. Paulo


Caixa leva Taça das Bolinhas em segredo para agência em São Paulo

"A trouxemos para cá só por causa de vocês."

O aviso da funcionária da Caixa Econômica Federal foi dado à reportagem da Folha. Ela estava lá, escondida, impenetrável, trancada a sete chaves: a Taça das Bolinhas.

Nesta terça -feira (25), o troféu esteve guardado na agência do banco na avenida Paulista, em São Paulo. Os pedidos para fotografá-las no cofre foram negados:

"De jeito nenhum!"

A explicação era simples: ninguém pode saber onde fica armazenada. A estadia naquela agência era passageira. A Caixa avisa que o troféu, na verdade, é mantido em um cofre de endereço não revelado. Um grande segredo.

A Caixa ainda não sabe quando isso vai acontecer, mas deve entregá-lo ao São Paulo. A assessoria do banco afirma esperar uma notificação oficial para fazê-lo.

Flamengo e São Paulo brigaram pela posse do troféu, criado para ser entregue em definitivo para o primeiro clube cinco vezes campeão brasileiro. Com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de declarar o Sport vencedor do torneio nacional em 1987, o São Paulo passou a ser o dono do prêmio.

Procurado, o clube paulista disse querer o troféu. Mas ainda não sabe quando o receberá.

Após alguns minutos de espera, a taça foi trazida do local misterioso, protegida por caixa negra com travas douradas. Foi desenhada pelo escultor Maurício Salgueiro.

A taça, em si, já viu dias melhores. As 155 bolas de metal (por isso o apelido) precisam de polimento e de tratamento para que os riscos sejam tirados. Estão colocadas sobre uma base de jacarandá. No núcleo da fileira mais superior, está uma bola dourada e maior do que as outras. Deveria representar o campeão. Hoje é o São Paulo. Mas já foi o Flamengo.

A placa em que está grafado "taça Caixa Econômica Federal" está desgastada e menos amarelo no meio do que nas pontas. O nome oficial é Troféu Copa Brasil e foi criado pela então CBD (Confederação Brasileira dos Desportos) em 1975 para ser oferecido ao campeão nacional.

A Caixa é a fiel depositária do troféu desde que os dois times começaram a brigar na Justiça pela sua posse.

Apesar do segredo e da disputa entre dois dos clubes mais populares do país, a exibição da taça por alguns minutos não emocionou as poucas pessoas que passaram pela área da gerência da agência da Caixa. Ninguém notou que ela estava em um canto, sendo fotografada em cima de uma mesa.

"Ah, essa taça é famosa. Sei qual é... É de um título do Palmeiras, não é?", questionou um bancário, quando soube da presença ilustre.


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