No futebol contemporâneo, prolifera o perfil do técnico "professor", que a cada entrevista ensina com conceitos as complexidades táticas do esporte: compactação, terços, giros, e mais outros termos que parecem saídos de um manual de engenharia.
Gilson Kleina, 49, não faz essa linha. Com saudações descontraídas como "meu galã" e "meu bruxo", ele cativou o elenco da Ponte Preta, que eliminou o favorito Santos nas quartas de final do Paulista e neste domingo (16) recebe o Palmeiras no Moisés Lucarelli pelo primeiro jogo das semifinais do campeonato.
"A gente até brinca aqui que você vai conversar com treinador da base e é só 'último terço', 'giro na um, giro na dois', 'compactação' (...) Os termos que eu uso com meus atletas é para que eles entendam. Acho que futebol tem que ser objetivo e transparente", explica.
Kleina reencontrará o Palmeiras, pelo qual passou entre 2012 e 2014, quando não conseguiu livrar o time do rebaixamento, mas venceu a Série B no ano seguinte. Para ele, o começo do projeto grandioso que hoje marca o clube alviverde foi durante sua passagem.
"Fizemos uma reconstrução, tanto é que o Palmeiras foi campeão com dez rodadas de antecedência [em 2013]. Na época, começamos o nosso planejamento com apenas 17 jogadores e no mês seguinte tinha a Libertadores", diz.
Kleina tem uma missão que durante 116 anos nenhum outro treinador conseguiu cumprir: conquistar um título pela Ponte Preta.
"O desafio é muito grande de trazer um título para essa torcida tão dedicada, e acho que agora chegou a hora".
Contra o Palmeiras, "o melhor elenco da América", Kleina aposta na força coletiva de seu time.
"Temos o Aranha vivendo um momento brilhante, uma defesa competente e o ataque mais rápido do campeonato".
Em seu retorno à Ponte, em março, Kleina cantou "Casa", de Lulu Santos, para dizer que estava voltando ao lugar onde se sente bem. Para o confronto com o Palmeiras, busca outra referência musical para falar em triunfo inédito.
"Precisa ser uma música que fale que chegou a nossa vez. Vamos de Gonzaguinha: 'viver e não ter a vergonha de ser feliz'. Vamos ser felizes."
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Gilson Kleina comanda treino da Ponte Preta antes de enfrentar o Palmeiras, pelo Paulista |
NA TV
Ponte Preta x Palmeiras
16h Globo e SporTV
TÉCNICO DO PALMEIRAS TEME CONTRA-ATAQUE
Eduardo Baptista também reencontrará seu ex-time neste domingo (16): ele deixou a Ponte em 2016 para assumir o Palmeiras.
O treinador vê o contra-ataque como o ponto forte do rival. "Mesmo no ataque temos que preparar a defesa para estarmos resguardados"