Folha de S. Paulo


Clubes do interior passam por desmanche após Campeonato Paulista

Willian Lima/Photo Press/Folhapress
SÃO PAULO/SP-07/04/2017 - ESTÃDIO PACAEMBU- PALMEIRAS x NOVORIZONTINO-PAULISTÃO 2017 SÃRIE A. FOTO:WILLIAN LIMA/PHOTO PRESS. *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
Jogadores do Novorizontino antes de último jogo disputado pelo Campeonato Paulista

"Se continuarmos com esse elenco, a conta não fechará no final do mês". A frase é do presidente do Botafogo-SP, Gerson Engracia Garcia, mas retrata a grande maioria dos clubes que disputaram a elite do futebol paulista neste ano.

Turbinados com as cotas de televisão que chegaram até a R$ 4 milhões em virtude das bonificações para as equipes que estão há mais tempo na primeira divisão da competição e disputam alguma divisão do Brasileiro, os clubes do Estado pagaram salários fora de suas realidades e montaram elencos mais caros, que giravam entre R$ 350 e R$ 500 mil mensais.

Sem receitas suficientes para para manter os gastos, começam agora processo de desmanche. Dos 308 jogadores inscritos no Paulista, 174 têm contrato somente até o final de maio, o que representa 56,4%.

Esse número não contabiliza os jogadores de Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo, que estão na elite do futebol nacional e possuem calendário até o final da temporada.

A equipe que sofrerá o maior desmanche é o Novorizontino, eliminado nas quartas da final pelo Palmeiras. Dos 28 jogadores inscritos no Estadual, 23 terão seus contratos encerrados até o dia 10 de maio -três dias após a data prevista para o segundo jogo da decisão.

Desmanche - contrato jogadores

"Sem um calendário anual, não temos como segurar esses atletas. Esses jogadores vão disputar a Série A ou B do Brasileiro", disse Genilson Rocha dos Santos, presidente do clube de Novo Horizonte, que tinha uma folha salarial em torno de R$ 450 mil.

Fora das quatro divisões do Brasileiro neste ano, a equipe deverá ficar inativa no segundo semestre. Os dirigentes descartam por enquanto disputar a Copa Paulista, torneio promovido pela Federação Paulista de Futebol para os times não ficarem parados.

"É um torneio deficitário", diz Genilson dos Santos.

Com folha salarial de R$ 400 mil, o Linense, eliminado nas quartas do Paulista, também sofrerá desmanche. O time tem 19 jogadores com contrato até maio.

"Vou tentar propor a renovação com um ou no máximo dois jogadores. A ideia é alongar o contrato até o final do Paulista de 2018 e emprestá-los no segundo semestre para alguma equipe, porque fica inviável pagar o salário", disse o mandatário do clube de Lins, Jorge Hugo Moreira.

Segundo o dirigente, a equipe deverá gastar R$ 50 mil mensais na Copa Paulista. O teto salarial no Estadual foi de R$ 35 mil, enquanto a competição para o segundo semestre será de R$ 3 mil.

Até clubes que disputarão as Séries C e D do Brasileiro vão sofrer reformulação. Na terceira divisão do Nacional pelo segundo ano consecutivo, o Botafogo-SP tem 12 jogadores com contratos para vencer até maio. Tentará ficar com apenas cinco deles.

Marcos Antonio de Freitas/Divulgação.
Leão ganha do Linense e mantém 100% de aproveitamento no Paulista A-1
Confronto entre Linense e Mirassol, pela fase de grupos do Campeonato Paulista

Com R$ 200 mil de folha salarial por mês, metade da que teve no Paulista, o time de Ribeirão Preto tenta brigar pelo acesso à Série B.

Realidade semelhante à do São Bento, que tem 20 jogadores com contratos para vencer e que planeja corte de 50% nos gastos.

"Vivemos duas realidades totalmente distintas. Não temos como fazer contrato até 30 de outubro [data do encerramento da Série C] e não cumprir. A Série C é uma competição deficitária. Não temos cota de televisão e a CBF só paga as despesas com o transporte", disse Márcio Dias, vice-presidente de futebol.

O Red Bull, de Campinas, vai reduzir a folha salarial em 30% para a Série D.

"O que a gente vem tentando é fortalecer nossa base e ter uma continuidade maior. Temos um nível de investimento no primeiro semestre e um no segundo. A cota da televisão é importante, mas temos outras formas de receita", disse Thiago Scuro, presidente do Red Bull.

As categorias de base também são as apostas de Novorizontino e Ituano, que ainda procura jogadores desconhecidos, como o meia-atacante Morato, 24, recém-contratado pelo São Paulo, para mudar o atual cenário.

"Queremos em dois anos ter uma base do time formada em casa", afirmou o presidente Genilson.

O clube foi o responsável por utilizar o jogador mais jovem do Paulista-17. Com 16 anos, 11 meses e oito dias, o atacante Rodrigo atuou em dois jogos do torneio.

A Federação Paulista de Futebol diz que auxilia os clubes do Estado com assessoria de gestão. A entidade afirma que nos últimos dois anos aumentou em 187% a subvenção aos clubes. Saltou de R$ 7,8 milhões em 2014 para R$ 20,9 milhões em 2016. "Quase 100% dos clubes das Séries A1 e A2 participam ativamente, enviando relatórios mensais com balanços das atividades".

Reprodução/Facebook/Red Bull Brasil
Técnico Alberto Valentim e auxiliar Fernando Miranda chegam ao Red Bull Brasil para comandar a equipe em 2017
Alberto Valentim, técnico do Red Bull Brasil

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