Com sete medalhas de ouro, o Brasil teve seu melhor desempenho olímpico da história na Rio-2016. Com a entrada do skate pela primeira vez em Tóquio-2020, o país deverá contar com um novo favorito ao topo do pódio.
O catarinense Pedro Barros, 22, seis vezes campeão dos X-Games, principal campeonato de esportes radicais do mundo, deverá ser um dos representantes nacionais. Neste sábado (8), ele participa da etapa brasileira do Vans Skate Park Series, o campeonato mundial de skate, que acontecerá no Santo Bowl, em Serra Negra (139 km de São Paulo), a partir das 11h20.
"O Brasil sempre teve skatistas de muito talento e força. Não vai ser diferente na Olimpíada. Mas ainda está muito longe, e por isso procuro não pensar muito. Quero representar o Brasil bem, esperando que o skate mantenha sua essência", diz Pedro à Folha.
No Japão, o skate aparecerá com dois estilos, street e park. Pedro faz parte do segundo, que tem obstáculos construídos especialmente para a prática do skate, como rampas, paredes, e bowls ("bacias", inspiradas em piscinas vazias). Já o street mimetiza a paisagem urbana, com bancos, escadas, corrimões e calçamento como espaços de manobras.
A discussão sobre a corrupção da essência do skate pelo espírito olímpico deve se arrastar até os Jogos. Parte dos principais skatistas argumenta que a trajetória contracultural do skate não combina com o formato das Olimpíadas, e petições foram criadas na internet para protestar contra a inclusão. Pedro discorda, e acha que é possível achar a conciliação.
"Tem muita gente que diz isso, mas os próprios X-Games estão aí e são bem 'mainstream'. Acho que se o padrão de competição for mantido, não tem nada".
É extremamente improvável que Pedro não esteja na Olimpíada de Tóquio por algum critério técnico. E não somente por suas qualidades. Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil será a delegação com o maior número de skatistas (12). "O Brasil está sempre nas melhores colocações, mais até que os Estados Unidos nos últimos anos".
Por outro lado, ele já disse no passado que considera não disputar a Olimpíada caso a Confederação Brasileira de Skate (CBSk) não participe. No momento, a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP) é a entidade representativa da modalidade na Olimpíada, já que a CBSk teve filiação negada pelo COB em dezembro.
"Ainda estamos na briga, não é do dia para a noite que vamos conseguir resolver", diz, explicando que ainda não decidiu se abandonaria a participação caso fosse obrigado a participar do evento pela CBHP.
Acompanhado desde os 12 anos por Alison Paz, preparador do surfista Mineirinho, campeão mundial em 2015 e também possível presença em Tóquio, Pedro diz que a moldagem do skatista hoje é como a de qualquer outro atleta de ponta, sem contradição com o estilo de vida rebelde que sempre circundou a história do skate.
"Controlo a alimentação, tenho fisioterapeuta próprio, faço exercícios de preparação. Hoje em dia, não tem outra forma: tem que estar na linha desde cedo e a todo o tempo", diz.
O SKATE PARK
Como funciona a modalidade
Tipos
Duas modalidades de skate farão parte da Olimpíada-2020: Park e Street
Park utiliza uma pista em concreto, de 1,5m até 3m de profundidade, construída especificamente para a prática do skate. Essas pistas são compostas de rampas, bowls ("bacias", inspiradas em piscinas vazias), escadas, paredes e diferentes áreas de "grind" (para deslizar, como corrimões)
Street tem pistas que costumam mimetizar a paisagem urbana, com bancos, escadas, corrimões e calçamento como obstáculos e espaços de manobras
Pontuação
No skate, os juízes levam em conta os seguintes elementos na pontuação de apresentações: grau de dificuldade; criatividade e aproveitamento de espaços da pista; combinação e variedade de manobras; velocidade, estilo, fluência e potência. As notas variam entre 0 e 100.
Campeonato
O Vans Park Series é o principal campeonato internacional da modalidade park. Dividido em cinco etapas (Sidney, São Paulo, Malmö, Vancouver e Hungtinton Beach (EUA)), o torneio é decidido em uma prova final em setembro entre os cinco mais bem colocados ao longo do ano
Local
O Santo Bowl fica em Serra Negra (SP) (139 km de São Paulo) e tem dois bowls arredondados, um vulcão central e coping (borda do bowl) de concreto