Para Cesar Cielo, único campeão olímpico da natação brasileira, a crise que culminou na prisão de dirigentes da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) nesta quinta-feira (6) só depõe contra a imagem da modalidade no país.
"Não vou falar que é surpresa inesperada, a operação está rolando há algum tempo, mas é muito triste. A natação tem tomado um golpe atrás do outro", disse o nadador de 30 anos em evento de seu clube, o Pinheiros.
"A percepção de imagem está ficando ruim. É um momento bem delicado, o que estamos vivendo. Espero que o desenrolar seja rápido para não atrapalhar preparação para o Mundial", complementou, em referência ao Mundial de Budapeste, em julho.
Cielo volta a competir em maio, no Troféu Maria Lenk, após mais de um ano sem disputar eventos de alto nível. Ele se afastou após ficar fora dos Jogos Olimpicos do Rio.
"A natação está tomando um golpe atrás do outro, é triste", comentou o atleta, que também é recordista mundial dos 50 m livre e dos 100 m livre.
Entre 2009 e 2013, Cielo foi tricampeão mundial dos 50 m livre e bicampeão mundial dos 50 m borboleta. Ele não prestou depoimento à Polícia Federal, como fizeram outros atletas, e disse que a prisão não o afeta diretamente. Mas lamentou pela situação geral.
"A gente controla o que pode controlar. Eu tenho que nadar rápido todo dia. Tem muita coisa que pode mudar [na CBDA] nos próximos dias", disse, durante apresentação da equipe do Esporte Clube Pinheiros, um dos mais tradicionais do país.
"É dificil trabalhar com credibilidade deste nível e buscar patrocínio. Espero que novo presidente entre com vontade e cabeça para levantar de novo a empresa natação. pois estamos em momento delicado."
A CBDA elegeria seu novo presidente em maio. Agora, com a detenção dos principais cartolas da entidade, o sufrágio pode ser alterado.
"Pode ter novo presidente em semanas. Estamos fazendo o que está dentro das nossa possibilidades nestas próximas semanas", complementou Cielo.
PRISÕES
A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira (6) mandados de prisão contra o presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, 78, e outros três dirigentes da entidade.
Eles são suspeitos de desviar R$ 40 milhões em recursos. Nunes está no comando da entidade desde o final da década de 1980 e é o dirigente esportivo brasileiro há mais tempo no cargo.
Além dele, há mandados de prisão a Ricardo de Moura (superintendente), Ricardo Cabral (consultor do polo aquático) e Sergio Alvarenga (diretor financeiro). Outras duas pessoas foram conduzidas coercitivamente a unidades da PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.
As prisões ocorrem no Rio e em São Paulo, e começaram a ser efetuadas por volta de 6h desta manhã.
Dezesseis mandados de busca e apreensão também foram cumpridos. Todas as medidas foram expedidas pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.