Folha de S. Paulo


Chapecoense vence e até aplaude gol do Atlético Nacional

Brasileiros e colombianos ficaram juntos em meio aos 20 mil torcedores que vestiram verde e branco e lotaram a Arena Condá, palco do primeiro jogo da Recopa Sul-Americana, nesta terça-feira (4). O jogo reuniu o Atlético Nacional, vencedor da Libertadores, e a Chapecoense, campeã da Sul-Americana.

O confrontou vencido por 2 a 1 pelos catarinenses foi o primeiro entre as duas equipes desde a queda do avião da Chape, que matou 71 pessoas, em 29 de novembro. A tragédia aconteceu um dia antes de partida prevista entre as duas equipes em Medellín.

Nesta terça-feira, o jogo entre colombianos e brasileiros enfim foi disputado.

Os atletas entraram no campo da Arena Condá em duas filas, mas misturaram-se uns aos outros para demonstrar a união das duas cidades e dos dois países. E não parou por aí: o ápice foi quando a torcida aplaudiu o gol do Atlético Nacional.

A vibração, claro, foi maior poucos minutos depois, quando a Chape chegou ao 2 a 1, no segundo tempo.

As homenagens dos catarinenses para a Colômbia começaram uma hora antes do jogo. Em um telão gigante, suportado por quatro guindastes, o clube brasileiro lembrou da história da clube e da tragédia que matou jogadores, comissão técnica, imprensa e convidados que viajavam para a final da Copa Sul-Americana de 2016.

"É uma grande emoção estar aqui neste jogo e poder agradecer este time e este país [Colômbia] que nos acolheram com tanto carinho. Não tem como morar em Chapecó e não participar", afirmou a professora Marijane Agne.

Para agradecer o povo colombiano pela solidariedade após a tragédia, a torcida vibrou a cada história e a cada lance emocionante da partida dos dois times.

"Chapecó é a minha casa, o Brasil é a minha casa. É a casa da Colômbia. Somos irmãos para sempre. A fraternidade que nasceu desta grande tristeza é indestrutível. Obrigado, Chapecó", agradeceu o prefeito de Medellín, Federico Zuluaga.

Sobrevivente do acidente, o radialista Rafael Henzel lembrou na homenagem dos 21 jornalistas que morreram.

"Posso dizer a eles que finalmente o jogo Chapecoense e Atlético Nacional está acontecendo aqui", afirmou.

Os três atletas que sobreviveram -Alan Ruschel, Neto e Jackson Follmann- também participaram da homenagem na Arena Condá.

"Não esperem um avião cair para dizer eu te amo para alguém, para dar um abraço, para dar um beijo", afirmou Ruschel.

Os quatro depositaram cartas dentro uma cápsula do tempo, que será aberta em 43 anos. Ela ficará depositada num monumento que será enviado a Medellín para a última partida da final da Recopa, em 10 de maio.

Depois, voltará a Chapecó e será instalada no Parque Medellín, construído no município.


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