Folha de S. Paulo


Família de Caio Jr. vai cobrar Chapecoense na Justiça

Juan Mabromata/AFP
Caio Júnior durante jogo da Chapecoense, pela semifinal da Copa Sul-Americana-2016
Caio Júnior durante jogo da Chapecoense, pela semifinal da Copa Sul-Americana-2016

A família do técnico Caio Júnior afirma que vai à Justiça pedir indenização da Chapecoense no valor de cerca de R$ 30 milhões. A ação deve ser protocolada ainda nesta semana, em Santa Catarina.

Quatro meses depois do acidente aéreo que matou 71 pessoas antes da primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional (Colômbia), os parentes do ex-técnico decidiram tomar a medida.

Segundo o advogado da família, Luiz Fernando Pereira, o valor foi calculado com base em entendimentos já consolidados de tribunais sobre o assunto. A regra, de acordo com ele, é considerar a expectativa de vida do falecido e a última média salarial.

"O cálculo leva em conta que o clube tem de pagar pelo menos 70% do que o Caio ganharia se vivesse até a expectativa devida, que são mais 20 anos, além de danos morais", afirmou Pereira em entrevista à Folha.

Caio Júnior morreu com 51 anos. Ele recebia cerca de R$ 120 mil mensais, considerando a soma dos direitos de imagem e o contrato por CLT.

Viúvas de jogadores -como Bruno Rangel, Gimenez, Canela, Gil e Ananias- têm dado entrada em ações para processar a Chapecoense na Justiça. Elas exigem revisão similar à da família do treinador. A Chapecoense e a CBF já pagaram indenizações de seus seguros aos atletas.

A mulher do volante Gil, Valdécia, foi a primeira a acionar a equipe. Uma audiência entre as partes está marcada para o dia 22 de maio, em Chapecó.

A avaliação da família de Caio Júnior é de que houve negligências por parte do clube catarinense ao contratar o fretamento do voo para Medellín, na Colômbia.

Além da delegação da Chapecoense, o voo também transportava jornalistas e convidados para a final da Sul-Americana -a primeira decisão internacional do clube brasileiro. Setenta e sete pessoas estavam abordo. Só seis sobreviveram, entre eles os jogadores Neto, Alan Ruschel e Jackson Follmann.

Os familiares de jornalistas que estavam no voo também entraram na Justiça para exigir indenizações.

"Já tem um bom tempo do acidente. As famílias devem abrir mão de buscarem seus direitos em nome da prosperidade do clube? Além disso, a Chapecoense foi negligente em não examinar essas questões, que eram básicas para a contratação de um voo", afirmou Pereira.

O vice-presidente jurídico da Chapecoense, Luiz Antônio Palaoro, disse desconhecer a intenção da família do técnico de entrar na Justiça contra o clube.

"Fizemos uma reunião com os familiares das vítimas com a seguradora. Nos colocamos à disposição das família das vítimas", afirmou o cartola.

Colaborou LUIZ COSENZO, de SÃO PAULO


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