Folha de S. Paulo


Herói do Barcelona não fazia gol pelo clube havia um ano e cinco meses

Lino De Vallier/Xinhua
Sergi Roberto comemora seu gol
Sergi Roberto comemora seu gol

As "canteras" barcelonistas têm reputação internacional pelas levas de talentos estelares. Além do maior deles, Lionel Messi, saíram das categorias de base do clube catalão nomes como Francisco Carrasco, Piqué, Pep Guardiola, Xavi, Cesc Fàbregas, Iniesta. Mas não se forma um time equilibrado apenas com craques. Das categorias juvenis do Barcelona também saíram "carregadores de piano", atletas dotados de menos qualidade técnica, autores de poucos momentos de brilho, que têm a responsabilidade de dar segurança para os craques decidirem os jogos.

Sergi Roberto é dessa estirpe de coadjuvantes. Mas nesta quarta-feira (8) foi lançado ao panteão dos heróis ao anotar o sexto tento do Barcelona na vitória por 6 a 1 sobre o PSG que classificou a equipe para as quartas de final da Liga dos Campeões após derrota por 4 a 0 no jogo de ida. Foi Sergi quem ratificou a maior virada da história do torneio no último minuto dos acréscimos.

Ao longo de 141 jogos pela equipe principal do Barça desde 2010, Sergi só começou a deixar as sombras em 2015, sob o comando de Luis Enrique. Velho conhecido do treinador, que o comandou durante dois anos no Barcelona B, o esforçado atleta passou quatro anos em La Masia, nas categorias de base, onde já era reconhecido mais por sua polivalência do que por qualquer outro talento mais valorizado, antes de sua estreia profissional.

Na última temporada, ele virou peça de confiança de Luis Enrique, que ousou escalar o meia de origem como lateral direito, posição na qual o então subestimado Sergi passou a mostrar serviço, conseguindo assim a titularidade da equipe. No entanto, ele não deixaria de ser utilizado no meio de campo em outras ocasiões.

Foi assim que o jogador alcançou o maior reconhecimento da carreira, tendo sido convocado para a seleção espanhola principal pela primeira vez em março de 2016.

"Luis Enrique tem quase toda culpa por eu estar aqui. Ele está me dando confiança, me faz jogar bastante seja onde for e, se você joga com sua equipe e vai bem, acaba recebendo o reconhecimento da seleção", disse.

Nas últimas semanas, Sergi vinha sofrendo com críticas dirigidas ao 3-4-3 de Luis Enrique. Com ele apoiando o ataque como meia e defendendo como lateral, formando uma linha de quatro defensiva, o sistema tendia a deixar espaços para investidas adversárias no seu setor.

Colocado em campo no segundo tempo para proteger a lateral e permitir avanços de Arda Turan, Sergi, talvez o menos midiático dos 22 jogadores no gramado, surpreendeu a todos com o tento decisivo -ele não fazia um gol pelo time desde 29 de setembro de 2015.

"Eu dizia a ele que não faria um gol nem em um arco-íris", brincou o treinador após o jogo.

"Não sabia se estava em condição legal, apenas me atirei [na bola]. Vi que o goleiro não segurou a bola e agora estou muito feliz (...) Se, normalmente, a torcida é um jogador a mais, hoje [quarta-feira] foram dez a mais. Estiveram desde o primeiro momento nos apoiando. Isso tudo é para eles", disse o herói barcelonista após o jogo.


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