Folha de S. Paulo


Sem holofotes, empresários contam como atuam no futebol brasileiro

O culto a jogadores, treinadores e até mesmo dirigentes no universo do futebol algumas vezes faz esquecer de figuras que têm participação central na rotina do esporte. Os empresários de futebol são protagonistas na janela de transferências, quando cresce a empolgação com as novas e badaladas contratações.

Por vezes criticados por torcedores e dirigentes que se irritam durante negociações e frequentemente os acusam de práticas antiéticas, esses agentes preferem a discrição, evitando holofotes e microfones de jornalistas.

A Folha conversou com alguns dos principais empresários de futebol do país para entender com mais detalhes suas trajetórias e métodos de trabalho singulares, que fazem com que cada um deles tenha mais afinidade com alguns clubes e jogadores e se afastem de outros.

Clique nas imagens abaixo para ler os perfis.

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Botafoguense Uram é o empresário mais influente entre os paulistas

Filho de um diamantário –seu pai trabalhou na lapidação e no comércio da gema preciosa–, o empresário carioca Eduardo Uram, que não diz a idade nem após insistência, revelou jogadores como os laterais Daniel Alves (Juventus) e Maxwell (PSG) e o atacante Roberto Firmino (Liverpool).

Hoje, ele é o profissional que tem mais penetração nos clubes paulistas: no Palmeiras (empresário de Vitor Hugo, Antonio Carlos, Egídio, Jean, Rafael Marques e Willian), no São Paulo (Cícero, Bruno e Wellington Nem) e no Santos (Matheus Ribeiro). No passado recente, também trabalhou com Rodriguinho, do Corinthians. Para ele, o motivo para sua capilaridade vem da ética que aprendeu no ofício do pai e que ainda segue.

"Palavra é palavra, e eu honro. Cumpro compromissos. Jogador não é peça, é ser humano. O futebol tem fama de ser mal frequentado, mas aprendi a ter confiança. E eu priorizo o lado esportivo em relação ao negócio", afirma.

Editoria de Arte/Folhapress

Herdeiro da Lorenzetti virou um dos agentes mais influentes do futebol

Giuliano Bertolucci, 44, detesta tirar fotos, dar entrevistas e é avesso às redes sociais. Por ser discreto, se tornou um dos mais importantes empresários do futebol mundial. Acumula amigos poderosos, como o magnata russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, da Inglaterra. Ou o iraniano Kia Jorabchian, ex-patrocinador do Corinthians, de quem é parceiro em negociações no futebol europeu.

"Vejo futebol todos os dias, respiro futebol, procuro buscar o jogador certo para o clube certo e isso faz a diferença", explicou Bertolucci à Folha.

Ele nem precisava do dinheiro do esporte. É herdeiro da Lorenzetti, uma das maiores fabricantes de chuveiros do País.

Escolhido no ano passado pela revista inglesa FourFourTwo como o sexto agente mais poderoso do mundo, ele cuida das carreiras de Ramires, Oscar, Willian, David Luiz e Marquinhos, além do atacante David Neres, vendido pelo São Paulo ao Ajax-HOL por R$ 50 milhões no começo deste mês.

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Empresário responsável por reforços é braço direito de presidente do Santos

Cléber, Vladimir Hernández e Bruno Henrique têm em comum bem mais do que o fato de serem os principais investimentos do Santos para esta temporada. Eles representam, diretamente, a influência do agente com maior trânsito na Vila Belmiro.

Luiz Taveira, 61, é o dono da bola no Santos. O empresário que participou das negociações de mais de um time de jogadores para o clube desde 2015 carrega hoje nos bastidores a fama de ser o homem de confiança do presidente Modesto Roma Júnior.

"O Taveira é um chato, por isso consegue negociar. Ele tanto insistiu que trouxe o Ricardo Oliveira", lembra o mandatário.

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Após começo em Bauru, Garcia vira 'rei' do interior e do Corinthians

O futebol sempre foi um passatempo da família Garcia, dona da Kalunga, uma das maiores empresas gráficas do País. O patrono, Damião, comandou o Noroeste de Bauru por quase uma década. Paulo Garcia, filho, sonha em ser presidente do Corinthians. O caçula, Fernando, 58, se tornou um dos empresários mais influentes do Estado.

Fernando diz que o futebol lhe dá prazer. Mas também lhe rende milhões.

Neste ano, ele tem cinco atletas no Corinthians (Guilherme Arana, Maycon, Marlone, Vilson e Walter) e 21 no interior de São Paulo. Ele afirma ter mais de 100 atletas na carteira de clientes da sua empresa, a Elenko Sports. A busca por novas promessas é em em times menores.

"O interior do Brasil é um celeiro de jogadores, nos grandes centros acabaram os campos e a forma de vida é diferente, por isso os jogadores nascem em mais nesses lugares", explicou Fernando Garcia à Folha

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