Folha de S. Paulo


Técnicos do clássico, Ceni e Dorival Júnior se inspiram no futebol europeu

Ivan Storti/Santos FC/Divulgação - Marcelo D. Sants/FramePhoto/Folhapress
Dorival Júnior (esq.) sinaliza durante treino do Santos; Rogério comanda treino do São Paulo
Dorival Júnior (esq.) sinaliza durante treino do Santos; Rogério comanda treino do São Paulo

Santos e São Paulo se enfrentam nesta quarta-feira (15), às 21h45, na Vila Belmiro, pela terceira rodada do Campeonato Paulista, com os holofotes direcionados para um duelo fora das quatro linhas, mais especificamente à beira do gramado.

O clássico coloca pela primeira vez frente à frente técnicos que tentam aplicar em suas equipes o estilo de jogo do futebol europeu e, para isso, contam com respaldo incomum de suas diretorias.

De longe, Dorival Júnior, 54, e Rogério Ceni, 44, parecem ter pouca relação.

O santista está há 19 meses no cargo, enquanto o são-paulino possui pouco mais de um mês em sua nova carreira, com três jogos oficiais.

O antagonismo, entretanto, se reserva à experiência.

O novo São Paulo já tem a principal marca do Santos de Dorival: predomínio da posse de bola. No Estadual, a equipe é a segunda em passes certos, com 91,7% de aproveitamento, de acordo com o Footstats. À frente do próprio clube da Vila Belmiro e do Audax, também adepto dessa estratégia de jogo, comum no futebol europeu.

Tanto Dorival Júnior quanto Rogério Ceni foram buscar fora do país um novo modelo de futebol e encontraram na Europa a matriz para definirem seus estilos de jogo.

Vivendo uma crise em sua carreira, o santista foi para o velho continente em 2015 atrás de uma reciclagem após seguidas demissões.

Rogério, por sua vez, buscou lá aprendizado para iniciar sua nova fase. Além disso, confiou a um europeu, o inglês Michael Beale, o cargo de auxiliar técnico.

"Acho o Rogério uma pessoa preparada em todos os sentidos. Ele fatalmente vai deixar um legado pela própria trajetória, já que tem trazido em pouco tempo um ganho considerável a sua equipe. Naturalmente, que só o tempo e uma maturação maior vão mostrar a realidade do seu trabalho", disse Dorival.

A ofensividade é outra característica semelhante neste início de temporada. Os adversários têm os dois melhores ataques da competição –nove gols do Santos e sete do São Paulo– com a mesma peculiaridade: quase todos marcados dentro da área, fruto de jogadas trabalhadas.

"Talvez, o Santos seja o melhor time [do Paulista]. É uma equipe de muito talento, muito bem formada e dirigida, com um jogador excepcional, que é o Lucas Lima. Um conjunto muito acima da média", disse Rogério sobre o rival.

No setor defensivo, porém, as equipes têm enfrentado dificuldades. Elas estiveram entre as cinco melhores defesas do Brasileiro do ano passado, mas têm sofrido muitos gols no Paulista. O São Paulo é o mais vazado, com seis gols tomados. Já o Santos sofreu quatro em dois jogos.

DIFERENÇAS

Ainda assim, Santos e São Paulo têm suas diferenças. A começar pelo sistema de jogo, já consolidado na Vila Belmiro e em fase de aprimoramento no rival. Dorival Júnior utiliza o 4-2-3-1, enquanto Ceni ainda testa variações. Contra a Ponte, alternou do 4-3-3 para o 3-4-3.

A equipe de Dorival abusa das jogadas ofensivas pelos lados com Copete e Vitor Bueno e a passagem constante dos laterais, que até atuam como meio-campistas. Já o São Paulo concentra seus lances pelo meio de campo.

O clássico desta quarta-feira poderá ser uma pequena amostra de até onde Rogério Ceni e Dorival Júnior poderão ir com suas inovações.


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