A Prefeitura do Rio retirou oficialmente o nome de João Havelange do estádio olímpico erguido para a disputa do Pan de 2007.
No decreto assinado na sexta-feira (10) e publicado nesta segunda (13) no Diário Oficial, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) renomeia a arena para Nilton Santos, um dos maiores jogadores da história do Botafogo, clube que administra o estádio.
Morto no ano passado, Havelange presidiu a Fifa por 24 anos e era considerado o maior cartola da história do país até o início da década.
O dirigente acumulou também uma série de escândalos de corrupção.
O mais famoso foi o caso ISL (antiga empresa de marketing da Fifa falida em 2001), acusada de repassar propinas a cartolas durante anos.
Responsável pela homenagem ao dirigente, o ex-prefeito César Maia criticou a decisão. "A história não se apaga com um decreto", afirmou o agora vereador.
Maia alega que Havelange foi importante para trazer a Olimpíada para o Brasil.
O dirigente foi um dos trunfos da candidatura carioca vitoriosa em 2009 para a sede dos Jogos. Ele era integrante do COI (Comitê Olímpico Internacional) desde os anos 60 e fez questão de pedir votos ao Rio.
Havelange queria celebrar o seu centenário durante a Olimpíada, o que acabou não acontecendo.
No ostracismo, ele morreu no dia 16 de agosto, no 12º dia de disputa dos Jogos, em um hospital na zona sul do Rio. A causa da morte não foi revelada. Havelange completara 100 anos em maio e enfrentava problemas respiratórios.
A queda de prestígio de Havelange no cenário internacional começou em 2011. Na época, ele se antecipou e renunciou ao cargo no COI temendo ser cassado por sua conduta no caso ISL.
Em 2012, ele sofreu mais um golpe. A Justiça da Suíça revelou que o ex-chefe da Fifa e Ricardo Teixeira, seu ex-genro e então presidente da CBF, receberam cerca de R$ 45 milhões em propinas nos processos de venda de direitos de mídia de competições da Fifa.
No ano seguinte, foi a vez de o cartola renunciar ao cargo de presidente de honra da entidade.
Em 2015, o Botafogo conseguiu autorização da Prefeitura do Rio para chamar o estádio pelo nome fantasia de Nilton Santos. Mas Eduardo Paes, então prefeito, se recusava a derrubar o decreto assinado por Maia.
Depois da mudança, duas referências a Havelange foram retiradas da arena. No hall de entradas, o nome "Estádio Olímpico João Havelange" foi retirado e uma pintura com a imagem do ex-presidente da Fifa foi apagada.
Na sexta, Crivella, que é torcedor do Botafogo, fez o novo decreto e renomeou o Engenhão com o nome do lateral, bicampeão do mundo pela seleção (1958 e 1962).
Eder Fantoni/Folhapress | ||
Homenagem a João Havelange foi apagada da parede da hall de entrada do Engenhão |