Folha de S. Paulo


Corte de patrocínio e retração atinge clubes e atletas da natação do país

A fuga de investimentos nos esportes aquáticos, cujo ápice se deu na semana passada com o anúncio do diminuto patrocínio dos Correios à CBDA (Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos), já se reflete no dia a dia dos atletas.

A estatal cortou patrocínios individuais –não atrelados à CBDA– de nadadores como Poliana Okimoto, única medalhista da natação na Rio-2016, Thiago Pereira, Cesar Cielo, Matheus Santana e outros.

A empresa confirma a retirada do aporte individual, mas informa que dará prêmios aos competidores com base em resultados internacionais, "com o objetivo de reconhecer o desempenho e as conquistas de cada atleta". Entre 2013 e 2016, os Correios repassaram R$ 14,9 milhões diretamente a atletas de várias modalidades aquáticas (natação, saltos ornamentais, nado sincronizado, polo aquático e maratona aquática).

Além do arrocho, clubes tradicionais fizeram dispensas. O Pinheiros, de São Paulo, não renovou com os Bruno Fratus, João de Lucca e Joanna Maranhão. O Minas, de Belo Horizonte, não estendeu o vínculo com Pereira e Cesar Cielo, que voltou ao Pinheiros.

O Corinthians não renovou com Felipe França, Leonardo de Deus e Thiago Simon, que foram ao Rio.

"Eu, particularmente, já esperava uma grande contração. Principalmente, levando em consideração a situação econômica do Brasil no período do último ciclo olímpico (2013-2016), além do fato de os Jogos terem sido realizados em nossa casa. Hoje, a realidade é praticamente oposta. A economia do Brasil está em frangalhos, e todos, atletas, clubes e federações, terão de se adaptar a esse novo cenário. Menores salários, desinvestimento em treinamentos e competições, no Brasil e no exterior", disse Tales Cerdeira, que foi à Rio-2016 e está sem clube.

"Acredito que no Brasil, de uma maneira geral, todos os esportes encontrarão grandes dificuldades nesse novo ciclo que se inicia, principalmente na primeira metade. Tenho esperança de que, nos dois últimos anos, a situação melhore um pouco, mas acho não será suficiente para trazer grandes resultados em Tóquio-2020, e o Brasil será dependente do lampejo e do brilho de grandes talentos pontuais.", completou o atleta, especialista nos 200 m peito.

CORREIOS E A ÁGUA - Estatal patrocina a CBDA desde 1991


Endereço da página:

Links no texto: