A Copa do Brasil começa nesta quarta-feira (8) com um novo formato. A mudança favorece surpresas, como a eliminação precoce de equipes grandes. A primeira fase do torneio será disputada em jogo único na casa da equipe que está em pior posição no ranking da CBF. Quem vencer se classifica para a segunda fase. Se a partida terminar empatada, o visitante avança.
Antes, a fase inaugural era disputada em até dois jogos. Se o time visitante vencesse o primeiro duelo por diferença superior a dois gols, o encontro de volta era descartado.
Dirigentes de clubes que enfrentam os grandes na primeira fase da competição concordam que o novo formato aumentou a chance de uma zebra acontecer.
"A chance de classificação para as equipes que fazem o primeiro jogo em casa aumentou muito. É um jogo suicida para as equipes maiores e a tendência é a de que mais zebras aconteçam", afirma Alex Joaquim, diretor de futebol da Caldense, que enfrenta o Corinthians nesta quarta-feira (8), às 21h45.
Confiante na possibilidade de avançar de fase, Antônio Gonçalves, presidente do clube mineiro, diz que descartou mandar o jogo em outra cidade para tentar aumentar a arrecadação. Ele afirma que foi procurado por empresários para levar a partida para a Arena das Dunas, em Natal, ao estádio Mané Garrincha, em Brasília, ou para o estádio do Café, em Londrina.
"Optei por jogar em Poços de Caldas para privilegiar nosso torcedor e para ter mais chance de classificação, já que conhecemos o gramado e teremos metade do apoio da torcida. Financeiramente [a venda do mando] seria melhor, mas podemos compensar essa arrecadação se avançarmos para a segunda fase", afirma o dirigente. O valor pago pela CBF em caso de classificação para a próxima fase é de aproximadamente R$ 400 mil.
Os 7.600 ingressos colocados à venda para a partida desta quarta-feira (8) foram comercializados. A expectativa é a de que a arrecadação gire em torno de R$ 500 mil.
O clube classificado ficará com 60% do valor da renda líquida -o time eliminado receberá o restante.
Adversário do São Paulo na quinta-feira (9), o Moto Club-MA também acredita que sua chance de classificação aumentou com o novo formato da competição nacional.
"A regra antiga não era igualitária. Corríamos o risco de nem ter o jogo de volta caso perdêssemos por dois gols de diferença", diz Célio Sérgio, presidente do time maranhense, que disputará a Série C do Brasileiro neste ano.
Sérgio espera que 90% dos ingressos sejam vendidos para o jogo de quinta-feira -a carga é de 40 mil entradas.
Com preços que variam entre R$ 40 a R$ 80, a expectativa é que a arrecadação bruta atinja quase R$ 1 milhão.
DUELOS DA PRIMEIRA FASE ENVOLVENDO CLUBES DA SÉRIE A DO BRASILEIRO -
VENDA DO MANDO
Rival do Internacional na próxima quarta-feira (15), o Princesa de Solimões resolveu lucrar com bilheteria bem longe de Manacapuru, cidade da equipe no Amazonas.
O presidente do time, Modesto Alexandre, transferiu o mando da partida para Cascavel (PR), que fica a mais de 3 mil quilômetros de distância da sede do clube. A Folha apurou que o clube do Amazonas recebeu de R$ 100 mil pela mudança. O estádio no Paraná tem capacidade para aproximadamente 25 mil pessoas e está numa região com descendentes de gaúchos.
"A mudança foi boa para torcedor, que agora vai ver os principais jogadores do time adversário. Antes, equipes consideradas grandes vinham com times mistos ou até reservas. Com a possibilidade de eliminação no primeiro jogo, vão mandar força máxima", afirma o dirigente.
Há, porém, quem reclame da mudança no formato do torneio. O Santos-AP, que joga contra o Vasco, não considerou a mudança benéfica.
De acordo com Luciano Marba, presidente do clube, financeiramente ficou pior.
"Tínhamos chance de uma arrecadação maior, já que a renda das duas partidas era dividida", afirma o dirigente, que também optou por vender o mando de campo.
Marcado inicialmente para o estádio Zerão, em Macapá, a partida vai ser realizada na Arena das Dunas, em Natal, nesta quinta-feira (9).
Com a negociação, o clube amapaense ganhou aproximadamente R$ 300 mil.
Segundo Manoel Flores, diretor de competições da CBF, a mudança teve como principal objetivo deixar as primeiras fases mais atrativas.
"Na maioria dos casos, os primeiros jogos eram mornos. Os mais bem ranqueados mandavam a segunda partida em casa e levavam para o jogo de ida o time reserva. Isso abaixava a qualidade", diz.