Folha de S. Paulo


Entre ódio e idolatria, Brady busca 5º título e hegemonia no Super Bowl

Tom Brady, 39, é o cara da NFL. O quarterback do New England Patriots pode ganhar seu quinto anel de campeão do Super Bowl neste domingo (5), contra o Atlanta Falcons, em Houston. Marido de Gisele Bündchen, ele é o único atleta presente nas quatro conquistas da franquia, em 2002, 2004, 2005 e 2015.

Em atividade, só o kicker Adam Vinatieri, 44, também tem quatro títulos (três com os Patriots e um com o Indianapolis Colts). Se for campeão, Brady se junta a Charles Haley, jogador de defesa que hoje integra o hall da fama do futebol americano, como maior vencedor da história.

Com a aposentadoria de Peyton Manning no ano passado, após a conquista do Super Bowl 50, Brady se transformou na estrela mais reluzente da liga. Não que não haja outros quarterbacks talentosos, como Aaron Rodgers, Russell Wilson ou Matt Ryan, dos Falcons que ajudou seu time a ser o melhor ataque da temporada.

Mas os recordes e conquistas de Brady o põem em outro patamar. Entre as 32 franquias da liga, só três têm mais títulos que o atleta dos Patriots –os Falcons estão apenas em sua segunda decisão.

Nem tudo foi fácil para o astro. No começo da carreira, Brady não foi uma sensação do esporte universitário.

No "draft" de 2000, que recruta os melhores estudantes para as equipes da liga, Brady foi escolhido apenas na sexta rodada, na posição 199, por New England.

Foi quando a sorte sorriu para ele. Sorte e muito treino. O jogador começou como terceiro reserva do titular Drew Bledsoe, mas com bom desempenho em treinos virou a primeira opção no time.

Aí veio o golpe de sorte, ou de azar para Bledsoe. Logo no segundo jogo da temporada de 2001, o quarterback levou uma pancada forte. Brady entrou no final da partida e não evitou a derrota. Mas, no terceiro jogo, já apareceu como titular. Ao final daquela temporada, o quarterback conquistou seu primeiro Super Bowl, foi eleito o melhor da final e começou sua dinastia.

A partir daí, tornou-se uma máquina de vitórias. É dono de quase todos os recordes de playoffs e Super Bowl, em número de passes, jardas conquistadas e touchdowns.

Com 183 vitórias em temporada regular, está a quatro de virar o líder na estatística (atrás dos aposentados Peyton Manning e Brett Favre).

Em 2014, após um começo de ano ruim, muitos cravaram que o marido de Gisele estava chegando ao fim da linha. No restante da temporada, Brady liderou a equipe e conquistou seu quarto Super Bowl. Prestes a se tornar quarentão, em agosto, o jogador poderia até pensar em aposentadoria, ainda mais se conquistasse o quinto anel.

Na forma atual, porém, Brady ainda pode aumentar a diferença para os rivais.

ASTRO JÁ FOI PUNIDO APÓS TRAPACEAR

Tom Brady é o mala da NFL. Vence quase tudo, é casado com Gisele Bündchen, o que deve causar uma inveja danada, e ainda é bem relacionado com o chefe de Estado mais poderoso e polêmico do mundo: Donald Trump, presidente dos EUA.

Bem, ninguém gosta muito do cara que ganha muito (a não ser seus torcedores).Mas Peyton Manning, seu antagonista, que se aposentou em 2016 após vencer o Super Bowl, nunca atraiu tanta antipatia.

A dedicação e profissionalismo do astro muitas vezes aparentam arrogância. Neste domingo (5), muitos estarão de olho na final mais para secar o quarterback que para torcer para o Atlanta Falcons.

O próprio sistema de competição da liga de futebol americano favorece o equilíbrio, com o pior time tendo a oportunidade de selecionar o melhor jogador universitário, garantindo um bom reforço. Os Patriots desafiam a premissa e se mantêm dominantes. Brady foi a sete Super Bowls (e já venceu quatro).

Em pesquisa divulgada em setembro pela E-Pool Marketing Research, Tom Brady apareceu em quarto lugar como o jogador ativo mais odiado. O primeiro foi o quarterback Colin Kaepernick, que liderou movimento de boicote ao hino americano no começo da temporada por questões raciais. Outra pesquisa na qual era possível votar em jogadores de outras épocas também teve Brady no top 5.

E não é só o lado vitorioso do astro dos Patriots que incomoda. Para muitos, os anos de sucesso de Brady também estão associados a trapaça.

A tese ganhou força na temporada 2014/15, quando se constatou que o time usou bolas murchas para ter vantagem nos lançamentos contra o Indianapolis Colts, disputada sob forte chuva. A vitória levou os Patriots ao Super Bowl -onde venceu o Seattle Seahawks em jogo dramático.

Uma investigação concluiu que era impossível Tom Brady não saber do truque, mesmo com o jogador jurando inocência. O caso ficou conhecido como "Deflategate" e resultou em uma punição para Brady, que ficou quatro jogos afastado (um quarto de toda a temporada). A equipe recorreu da pena e ele só cumpriu a suspensão nesta temporada.

Recentemente, até alguns torcedores dos Patriots podem ter pegado algum bode do time, após a vitória de Donald Trump nas eleições americanas. O novo presidente fala para quem quiser ouvir do quanto é amigo de Brady, do técnico Bill Belichick e de Robert Kraft, dono da franquia.

Desde o início da temporada, Brady tem evitado falar de política -reza a lenda que foi conselho de Gisele. Na semana do Super Bowl, choveram perguntas ao astro sobre sua proximidade com Trump.

"Não vou falar de política, de jeito nenhum", esquivou-se. Se for campeão, possivelmente Brady receberá algum efusivo elogio do presidente americano. E deverá ganhar mais alguns "haters".

Lese Pierre/Folhapress
Os dois lados de Tom Brady
Os dois lados de Tom Brady

CURIOSIDADES SOBRE

  • Críticos dizem que Tom Brady e seu time costumam ser ajudados pela arbitragem
  • Também é criticado por reclamar muito quando a decisão dos juízes não o favorece
  • Alguns atletas reclamam de sua arrogância em campo
  • Em 2007, um dos melhores anos da carreira de Brady, seu time foi multado por gravar, de um ângulo não permitido e sem autorização da NFL, um dos membros da comissão técnica do rival New York Jets durante uma partida. O caso ficou conhecido como "Spygate"
  • Nesta temporada, foi suspenso por quatro jogos por participar do "deflategate". Escândalo do qual ele teria participado em que bolas de uma partida estariam mais vazias quando Brady estivesse atacando, facilitando o lançamento e a recepção
  • É amigo de Donald Trump e criticado pela imprensa por se esquivar de perguntas sobre a amizade
  • Jogador com mais participações no Super Bowl: 7
  • Empatado com Joe Montana e Terry Bradshaw, é o quarterback que mais vezes venceu o Super Bowl, com 4. Se vencer, se juntará a Charles Haley como atleta que mais vezes foi campeão do Super Bowl
  • Em 2002, aos 24 anos, se tornou o quarterback mais novo a vencer o Super Bowl
  • É o quarterback com mais vitórias na história
  • É o quarterback que deu mais passes para touchdown na história do Superbowl, com 13
  • Casado com a brasileira Gisele Bündchen, ele usa um colar dado por ela como totem de proteção para os jogos

Chamada - Super Bowl

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