Folha de S. Paulo


'O Santos precisa aprender a jogar sem o Ricardo Oliveira', diz Dorival Júnior

Dorival Júnior, 54, tem poucas certezas. O técnico não sabe explicar a identificação que criou com o Santos. Nem faz ideia dos motivos para a hegemonia da equipe no Campeonato Paulista nos últimos oito anos.
Desde 2009, o clube esteve presente em todas as finais (leia mais ao lado). Pelo Santos, Dorival conquistou três títulos. Dois Estaduais (2010 e 2016) e a Copa do Brasil, em 2010. Mais do que isso, criou no clube a imagem do futebol ofensivo e de toque de bola.
Uma das poucas crenças do treinador é a de que o Paulista de 2017 é uma das prioridades do clube. A estreia da equipe será nesta sexta (3), às 21h, contra a Linense, na Vila Belmiro. É também o jogo de abertura do torneio.
Em entrevista à Folha, ele afirma que o grande reforço do time para a temporada é ter mantido os mesmos jogadores do ano passado. Mas confessa preocupação com a situação física de Ricardo Oliveira, o centroavante que é referência para o ataque.

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Folha - O Santos tem a obrigação de ser campeão paulista em 2017?
Dorival Júnior - É obrigação, mas é uma coisa que sempre vai existir. Não porque o campeonato seja fraco. É muito qualificado. Teremos concorrentes de altíssimo nível e quando chega na fase do mata-mata, tudo fica indefinido. Acho que ninguém pode esquecer que este será o Campeonato Paulista mais disputado e difícil dos últimos tempos.

Em relação ao ano passado, o Santos está em outra situação. Tem a Copa Libertadores para se preocupar. Isso muda a forma como a equipe vai encarar o Estadual?
Não muda nada. O Santos vai brigar pelo título paulista da mesma forma como aconteceu em 2016. Por que seria diferente? A Libertadores deste ano tem uma característica diferente, vai acontecer durante toda a temporada. Só acaba no final do ano. Nos primeiros quatro meses de 2017, nossa prioridade vai ser o Campeonato Paulista.

O elenco não perdeu nenhum jogador. Sai na frente dos rivais por causa disso?
Nosso maior reforço foi não ter perdido ninguém. Mantivemos o mesmo elenco e ainda acrescentamos algumas peças. Mas não acredito que estamos na frente dos outros times. Até porque, em 2015, o Santos foi campeão estadual depois de reformular grande parte da equipe. No futebol, isso é relativo.

O Santos fez algumas contratações pensando na Libertadores, como o Leandro Donizete, que marca forte...
Nem tanto. O Leandro Donizete pode jogar como segundo volante que chega na área. Ele sabe jogar bola. Quando atuou comigo no Coritiba, chegava no ataque.

Mas ele criou uma imagem no Atlético-MG de volante brigador, de marcação e que luta em campo.
Sim, ele criou essa imagem mesmo e tem experiência em Libertadores. Jogou quatro vezes. É uma imagem que não é real. Ele sabe jogar bola.

*Não preocupa que sua maior força ofensiva seja o Ricardo Oliveira, um atacante de 36 anos que começa a ter problemas físicos? Você tem um plano B para atuar
sem ele no ataque?*
O Ricardo é um jogador diferenciado. Na função dele, é acima da média. Ele tem vivido algumas situações complicadas [neste ano, se recupera de caxumba] e é natural que me preocupe. Temos de aprender a também jogar sem ele. Não tenho como esconder que me preocupa.

Você tem alguma explicação racional para o Santos ter dominado o Campeonato Paulista nos últimos oito anos?
Explicação racional, eu não tenho. A gente tenta entender, mas não encontra um motivo. Você pode incluir até antes de 2009. Eu joguei uma final de Campeonato Paulista contra o Santos em 2007, pelo São Caetano, e perdi. É um clube que criou uma identificação muito grande com o torneio.

E a sua afinidade com o Santos? Em duas passagens, associou sua imagem e a do clube a um futebol ofensivo, bonito... Tem explicação?
Não sei. Creio que no Santos houve essa comunhão. Uma coisa de acreditar no trabalho desde o início. E queremos continuar com isso no Paulista deste ano. Tem uma importância muito grande.

RAIO-X- DORIVAL JÚNIOR

IDADE
54 anos

NASCIMENTO
Araraquara

NO SANTOS
Em 2010-2011 e desde 2015

TÍTULOS
Paulista (2010 e 2016)
Copa do Brasil (2010)


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