Folha de S. Paulo


Festa 'hollywoodiana' inicia projeto presidencial da Crefisa no Palmeiras

Nesta quarta-feira (1º), Leila Pereira, 52, junto de seu marido, José Roberto Lamacchia, 73, proprietários da Crefisa e da Faculdade das Américas, darão festa de apresentação da candidatura do casal ao conselho deliberativo do Palmeiras. Se qualquer tipo de celebração para lançar candidatura ao conselho já é incomum, um regabofe para mais de 400 pessoas no hotel Braston, em São Paulo, tem sido tratado como "hollywoodiano" por conselheiros do clube alviverde.

Contudo, para quem coloca R$ 66 milhões anuais no Palmeiras, além de ajudar na compra de jogadores e no pagamento de salários (apenas para o paraguaio Lucas Barrios sai R$ 1 milhão por mês), as despesas de um evento como esse são ínfimas.

O contrato entre Palmeiras e Crefisa já se encerrou, e as partes aguardam a eleição para o conselho, marcada para 11 de fevereiro, para retomarem as negociações. No entanto, a renovação já está encaminhada, e gira em torno de valores de R$ 85 milhões e R$ 100 milhões anuais. Em 2017, a empresa já injetou R$ 31,1 milhões no clube, que foram utilizados para a compra de 50% dos direitos econômicos de Dudu; para a contratação de Alejandro Guerra e a manutenção do lateral Fabiano.

A ideia de Leila virar conselheira do clube é apenas o primeiro passo de um projeto político de transformá-la em presidente do clube. De acordo com o atual estatuto, ela só poderá concorrer depois de completar dois mandatos de conselheira, cada um com duração de quatro anos. Como a eleição presidencial acontecerá dois anos depois, ela seria candidata somente em 2027.

As relações de Leila Pereira

A ideia de Leila virar conselheira do Palmeiras é apenas o primeiro passo de um projeto político de transformá-la em presidente do clube. De acordo com o atual estatuto, ela só poderá concorrer depois de completar dois mandatos de conselheira, cada um com duração de quatro anos. Como a eleição presidencial acontecerá dois anos depois, ela somente seria candidata em 2027.

Leila deve se eleger com amplo apoio para o conselho. Já há até conselheiros que veem uma mudança estatutária no horizonte, flexibilizando a necessidade dos dois mandatos.

A presidência para Leila seria o coroamento do sonho do marido, sócio do clube desde 1955. Nascida no Rio, ela veio de família vascaína, mas diz ter virado palmeirense.

A entrada do casal no clube se deu por um ímpeto. Lamacchia queixava-se do Palmeiras à beira do rebaixamento no final de 2014. Leila, então, encorajou-o a ligar para o clube e oferecer o patrocínio. O funcionário que atendeu o telefone pensou que fosse trote e desligou.

Lamacchia e Leila então foram pessoalmente ao Palmeiras. Recebidos com desconfiança pelos seguranças, conseguiram uma reunião com Paulo Nobre. Na ocasião começaram as conversas que levaram ao acerto em 2015.

A relação com o ex-presidente, porém, foi péssima ao longo dos anos. Ambos costumavam se ofender com apelidos maldosos nos bastidores. Nobre era o "agiota" para Leila, chamada de "uma linda mulher" pelo cartola.

A primeira rusga surgiu devido a uma queixa da empresária. Durante jogo da Copa do Brasil de 2015, ela viu que a marca da Crefisa não estava estampada no túnel que dá acesso ao gramado do Allianz Parque. Se irritou e cobrou Nobre, que explicou que o patrocinador da CBF tinha direito de expor a sua marca nas partidas do torneio. O que não convenceu Leila.

Atritos do tipo foram se acumulando. O clube não a convidou para a festa da conquista da Copa do Brasil, em 2015. No ano passado, houve novo atrito após o técnico Cuca utilizar um colete por cima da camisa escondendo assim a marca da Crefisa no uniforme. Depois disso, Nobre e Leila deixaram de se falar.

Aliados dos dois ouvidos pela Folha afirmaram que os rivais se igualam em algo: são duas pessoas que não estão acostumadas a ouvir "não".

Divulgação
Primeiro panfleto de divulgação da festa de Leila
Primeiro panfleto de divulgação da festa de Leila

A briga se radicalizou quando Nobre, no último ato de seu mandato, tentou impugnar a candidatura de Leila, alegando que o título benemérito dado em 1996 pelo então presidente Mustafá Contursi não existia e que o título de 2015 que ela detém não a qualificaria a concorrer a vaga no conselho.

Maurício Galiotte, atual presidente, decidiu não seguir a decisão do ex-presidente. Deixará para o conselho votar sobre a legalidade ou não da candidatura. O ato gerou a ruptura entre Nobre e seu antigo aliado.

O patrocínio feito por desejo de torcedor converteu-se em núcleo de força política.

Ao lado de nomes conhecidos da velha guarda alviverde, como os ex-presidentes Mustafá Contursi, líder de sua chapa, e Arnaldo Tirone, que fez campanha para a empresária, ela também cultiva boas relações com Galiotte e com a maior organizada, a Mancha Alvi Verde, cujos membros são chamados para seus eventos e cuja bateria tocaria na festa desta quarta -a participação foi cancelada para não incomodar os hóspedes do hotel.

Com influência financeira e aliados poderosos, Leila se instala no clube como potência política, e com cada vez menos opositores.


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