Folha de S. Paulo


Por doping, Jamaica de Bolt perde ouro olímpico e Brasil herda bronze

William West - 22.ago.2008/AFP
(FILES) This file photo taken on August 22, 2008 shows (from front, L) Jamaica's Asafa Powell, Nesta Carter, Usain Bolt and Michael Frater celebrating after winning the men's 4×100m Relay final at the National Stadium during the 2008 Beijing Olympic Games. The International Olympic Committee said on January 25, 2017 it had stripped Jamaica of their gold medal earned in the 4x100m relay at the 2008 Beijing Games after Nesta Carter was caught doping. The decision which follows the retesting of hundreds of samples from the Beijing event, means teammate Usain Bolt loses one of the three gold medals he won at that Olympics. Carter was found to have tested positive for banned substance Methylhexanamine. / AFP PHOTO / WILLIAM WEST ORG XMIT: SD2005
Asafa Powell, Nesta Carter, Usain Bolt e Michael Frater celebram o ouro no 4×100 m em Pequim-2008

A equipe masculina do Brasil que disputou o revezamento 4x100 m na Olimpíada de Pequim-2008 herdou a medalha de bronze após uma punição dada a um dos atletas da campeã Jamaica, Nesta Carter, que testou positivo em uma nova análise antidoping. O caso já estava sendo investigado.

A informação foi divulgada nesta quarta (25) pelo Comitê Olímpico Internacional.

O Brasil, quarto colocado naquela prova era representado por Vicente Lenilson, Sandro Viana, Bruno Barros e José Carlos Moreira, o Codó, que agora se tornam medalhistas de bronze.

O ouro foi para Trinidad e Tobago. A prata para o Japão.

É o segundo bronze que o Brasil herda de Pequim-2008.O outro também foi no atletismo e no revezamento 4x100 m feminino. No caso, a equipe russa teve uma atleta eliminada.

BRASIL GANHA, BOLT PERDE

Com a punição de Carter, o jamaicano Usain Bolt, que fazia parte daquela equipe, perde seu recorde de nove ouros olímpicos em nove provas disputadas, estabelecido na Rio-2016.

Em Pequim-2008, Londres-2012 e no Brasil, Bolt, 30, conquistou o ouro nos 100 m, 200 m e 4x100 m. Agora, passa a somar oito medalhas.

Carter, 31, que testou positivo para a substância proibida metilhexaneamina, também fez parte do time que venceu o evento em Londres e ajudou a Jamaica a vencer o Campeonato Mundial em 2011, 2013 e 2015.

A amostra de Carter foi uma das 454 selecionadas para serem testadas novamente pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no ano passado.

RESULTADO JÁ ERA AGUARDADO

Segundo a BBC, Carter fez um teste na noite da final dos 4x100 m em Pequim-2008, mas não foram apontados problemas. Mais de 4.500 testes foram realizados naqueles Jogos, com nove atletas descobertos.

Um problema na amostra de Carter, no entanto, foi encontrado após a decisão do COI de refazer os testes de Pequim utilizando uma tecnologia mais avançada.

Tanto o atleta quanto o Comitê Olímpico da Jamaica foram comunicados em maio de 2016 e avisados de que seria realizado teste em outra amostra de Carter.

À época, a Reuters afirmou que na primeira amostra havia sido encontrada metilhexanamina, que está na lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping (Wada) desde 2004.

A metilhexanamina foi reclassificada em 2011 para "substância específica", o que significa que em alguns casos pode suscitar explicações cabíveis de não doping.

Vendida como um descongestionante nasal nos Estados Unidos até 1983, a substância, no entanto, tem sido mais usada recentemente como um suplemento alimentar.

Em junho, Bolt afirmou que devolver a medalha seria doloroso. "Durante anos você trabalha duro para acumular medalhas de ouro, mas uma dessas coisas... Estou mais preocupado com o atleta e espero que ele supere isso", disse Bolt ao jornal "Gleaner Jamaica"

Além de Carter, o COI divulgou também a punição da russa Tatiana Lebedeva, 40, que também em Pequim foi prata no salto triplo e no salto em distância, prova vencida pela brasileira Maurren Maggi.


Endereço da página:

Links no texto: