Folha de S. Paulo


Liga das Américas inaugura fase de exclusão brasileira no basquete

NBB/Divulgação
Hettsheimeir, do Bauru, e Ronald Ramon, do Flamengo na final do NBB em 2016
Hettsheimeir, do Bauru, e Ronald Ramon, do Flamengo na final do NBB em 2016

A Liga das América, competição disputada entre os principais clubes de basquete da América Latina, inaugura o novo status do basquete brasileiro. Três equipes do país –Flamengo, Bauru e Mogi– garantiram vaga para o torneio que começa a ser disputado nesta sexta (20), em Mexicali, no México, mas foram impedidas de disputá-lo.

Isso porque o basquete do país está suspenso desde novembro, quando a Fiba (Federação Internacional de Basquete) puniu a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) por problemas de gestão. A entidade brasileira tem dívidas superiores a R$ 17 milhões.

A CBB "precisa de uma reestruturação, e não vem cumprindo totalmente com suas obrigações como membro da entidade", disse a Fiba.

Com isso, até 28 de janeiro, tanto seleções do país –que não jogaram no período–, quanto clubes estão proibidos de atuar em torneios organizados pela Fiba.

Segundo a federação internacional, uma atualização sobre a situação da gestão da CBB tem de ser apresentada em 27 e 28 de janeiro.

A CBB informou que não se posicionará em questões envolvendo a Fiba.

Flamengo e Bauru conquistaram vaga para a liga por serem campeão e vice do NBB 2016, respectivamente. O Mogi, por vencer a Liga Sul-Americana, em dezembro.

"Estamos pagando pelo problema da CBB. É um sentimento horroroso. Nadamos, nadamos e morremos na praia", afirma Nilo Guimarães, secretário de Esporte e Lazer de Mogi das Cruzes.

Vitor Jacob, gestor do Bauru, vê incoerência na decisão da Fiba. "Se a ideia era reestruturar o basquete nacional, punir os clubes, que fazem o trabalho, conquistam títulos, revelam jogadores, é o caminho mais errado."

"Resolver um problema extirpando a parte boa da história?", diz o vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa.

A Liga Nacional de Basquete (LNB), que organiza o NBB com a chancela da CBB, tentou reverter a decisão em nome dos clubes junto a Fiba.

Até esta quinta-feira (19), Flamengo, Bauru e Mogi das Cruzes ainda tinham esperanças de que alguma solução, um convite, os garantisse na Liga das Américas, o que não ocorreu.

A Folha apurou que, o presidente da LNB, Cássio Roque, e seu vice, Kouros Monadjemi, chegaram a se encontrar duas vezes com o espanhol José Luiz Saez, representante Fiba que está envolvido em uma força-tarefa para reestabelecer a ordem na atual gestão da CBB.

Eles tentaram, sem sucesso, convencer Saez a anistiar os clubes brasileiros.

PREJUÍZO

O Mogi prefere não estimar, mas os executivos de Flamengo e de Bauru calculam que suas equipes deixarão de ganhar em patrocínios R$ 4 milhões e R$ 3 milhões, respectivamente.

Os clubes alegam ainda que prepararam times mais caros, pensando nas competições internacionais –a Liga das Américas dá vaga ao Mundial de Clubes, do qual, consequentemente, os brasileiros ficarão fora.

"Montamos um time para vencer a Liga das Américas. Queremos ser penta da NBB, mas não vamos terminar o ano morrendo de felicidade com isso", diz Póvoa, do time tetracampeão nacional.

O Brasil é sempre forte candidato ao título da Liga das Américas. Desde 2013, um time do país chega à final. Brasília (2008 e 2009), Pinheiros (2013), Flamengo (2014) e Bauru (2015) já foram campeões.

LNB e os clubes dizem que continuarão estudando medidas cabíveis para diminuir o impacto negativo causado.


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