Folha de S. Paulo


Mundial é primeiro teste para técnico nacional no handebol

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Washington Nunes, tecnico da selecao brasileira de handebol. Foto: Cinara PiccoloPhoto&Grafia/Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Washington Nunes, 54, técnico da seleção brasileira masculina de handebol

Depois do inédito sétimo lugar na Olimpíada do Rio, em 2016, o handebol masculino do Brasil estreia nesta quarta (11), às 17h45 (com SporTV2 e ESPN+), no Mundial da França com uma novidade no banco de reservas.

Na partida contra os donos da casa, sai o treinador espanhol Jordi Ribera, que assumiu a seleção do seu país natal, e entra o brasileiro Washington Nunes, 54.

Nunes já ocupou o cargo entre 2008 e 2009 e foi o auxiliar de Ribera a partir de 2013, quando participou do trabalho que elevou o patamar de competitividade da seleção no cenário mundial.

Desde 2012, quando o espanhol chegou ao país para treinar a seleção brasileira, que não havia se classificado para os Jogos de Londres, a equipe venceu o Pan de Toronto-2015 e o Campeonato Pan-Americano de 2016.

No período, fez também suas principais participações em Mundiais, chegando às oitavas de final em 2013 e 2015.

Por tudo isso, Nunes, que assumiu em setembro, não quer mudanças em relação aos tempos de Ribera.

"A estrutura se mantém. Pelo tempo que tenho com a equipe, é uma continuidade", avalia o técnico, que chamou para o Mundial 11 dos 14 jogadores que foram à Rio-2016.

Para completar a lista de 16 atletas, optou por novos talentos, e chamou cinco jovens de 17 a 24 anos -média de idade da seleção.

"É uma base formada em 2013 e com a qual se esperam os melhores frutos para Tóquio-2020. Nunca tivemos tantos bons e jovens jogadores. Hoje, se algum bobear, vem outro e senta na cadeira. É um projeto de médio, longo prazo. Não queremos montar um time forte que ganhe uma vez e não volte a vencer", diz o treinador.

Para o presidente da Confederação Brasileira de Handebol, Manoel Luiz de Oliveira, Nunes representa a continuidade de um trabalho para os Jogos de Tóquio.

"Ele segue a mesma filosofia [do espanhol], que já vinha trazendo resultados", afirma Oliveira.

O armador Zé Toledo, 23, concorda com o dirigente: "mudou só o idioma."

Logo no primeiro jogo, porém, Nunes terá um desafio. A França é a atual campeã mundial e foi responsável pela eliminação do Brasil nas quartas de final da Rio-2016.

VENCER NO MATA-MATA

O Brasil começou a se livrar do posto de saco de pancadas em Mundiais a partir de 2013.

Até então, havia vencido apenas três jogos contra europeus: Macedônia (1999), Iugoslávia (2001) e Sérvia (2009), e terminado entre os quatro últimos em seis das 12 participações no torneio.

Nos dois últimos Mundiais, o retrospecto melhorou. Em 2013, ficou em 13º -melhor resultado da história. Em 2015, foi 16º. Em ambas as competições, perdeu por um gol de diferença nas oitavas.

"Há um tempo, ganharmos de um europeu era motivo de festa. Hoje, é normal. No handebol, às vezes se trabalha anos para tirar esse gol de diferença", diz Nunes.

Para ele, uma inédita quartas de final, com a primeira vitória do Brasil num mata-mata de Mundial, seria ótimo.

Antes da competição, a seleção participou de um torneio preparatório na Suíça. Venceu Romênia e Eslováquia, e perdeu dos anfitriões.

"Foi muito positivo. Estamos crescendo e se alguém tem que se preocupar com alguém são as outras seleções com o Brasil", diz.

No Mundial, são 24 equipes divididas em quatro grupos, dentro dos quais todas se enfrentam. As quatro melhores de cada chave se classificam para as oitavas de final, que começam no dia 21.

O Brasil está no Grupo A ao lado de França, Polônia, Japão, Noruega e Rússia.

"Temos que ir jogo a jogo. Mas quem sabe não fazemos algo parecido com as meninas?", disse Nunes, referindo-se ao título mundial conquistado pela seleção feminina em 2013.


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