Acostumado a fazer gols, Neymar teve um ano atípico em 2016. Marcou 25 em 53 jogos pelo Barcelona e pela seleção brasileira e, com média de 0,47 gol por jogo, registrou sua pior marca desde 2009, quando subiu para o time principal do Santos -então com 17 anos, ele balançou a rede 14 vezes em 48 partidas.
Com a queda no desempenho ofensivo, Neymar se tornou coadjuvante de Suárez e Messi no Barcelona e deixou de figurar entre os finalistas do prêmio de melhor do mundo da Fifa, que será entregue nesta segunda-feira (9). Messi disputa o troféu com Cristiano Ronaldo e Griezmann.
Neymar começou a ter real potencial para disputar o prêmio após chegar ao clube catalão, em 2013. Em sua primeira temporada, mostrou poder de finalização para dividir a artilharia com Messi.
No segundo ano jogando pelo Barcelona foi ainda melhor. Com 39 gols em 51 jogos (média de 0,76 por partida na temporada 2014-2015), correspondeu às expectativas e teve um de seus melhores momentos como goleador.
2016 de Neymar - Neymar teve o seu pior ano como goleador pelo Barcelona
O desempenho o levou pela primeira vez a ser finalista do prêmio da Fifa, terminando 2015 como o terceiro melhor jogador do mundo.
No ano passado, embora os gols tenham rareado, Neymar consagrou os seus companheiros com passes decisivos. Ele deu 34 assistências e teve o melhor desempenho na carreira nesta estatística.
"É de estranhar não ver o Neymar entre os três. Ele fez um ótimo 2016, foi bem na seleção e ajudou o Barcelona", analisou Muricy Ramalho, que ainda criticou a escolha.
"Na Europa tem uma concorrência muito grande, mas eu não sei como eles fazem essa seleção. Tem umas coisas estranhas que acontecem lá que não dá para entender", afirmou o ex-treinador, que trabalhou com Neymar no Santos entre 2011 e 2013.
Técnico da seleção brasileira, Tite também exaltou o ano do atacante. De tudo que o jogador demonstrou no último ano, o que mais impressionou o treinador foi a inteligência tática, apresentando várias alternativas de jogo.
PROBLEMAS
Além da queda de rendimento dentro de campo, o 2016 de Neymar foi marcado pelas polêmicas fora dele.
Em novembro, o Ministério Público espanhol pediu dois anos de prisão para o jogador por suposta fraude em sua transferência do Santos para o Barcelona. Além da detenção, a Promotoria pediu ainda que o jogador pague multa de € 10 milhões (aproximadamente R$ 34 milhões).
Antes do pedido de prisão, Neymar conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio e foi fundamental para colocar o Brasil na liderança das eliminatórias da Copa do Mundo. Curiosamente, o aproveitamento caiu logo após a acusação. O último gol pelo Barcelona foi em outubro.
"Tiveram dois Neymar. A primeira metade do ano dele foi espetacular. O problema foi depois, quando a temporada [europeia] começou. Ele deixou de ser participativo e o número de assistência baixou, o número de gols baixou, o entrosamento com a equipe baixou", opinou o jornalista espanhol Luis Martín, que acompanhou o dia a dia do brasileiro pelo jornal espanhol "El País".
Para Martín, os problemas com a Justiça espanhola influenciaram no rendimento do atleta dentro de campo. Muricy, no entanto, discorda.
"Eu não acredito que isso tenha atrapalhado. O Neymar tem um pessoal que trabalha muito bem e sabe separar as coisas. Estive com ele em Barcelona uma vez e vi a estrutura que tem por trás. Ele não se deixa levar por isso", afirmou o ex-técnico.