Folha de S. Paulo


Bronze na Rio-2016, Poliana Okimoto vive dificuldade em custear carreira

A nadadora Poliana Okimoto, 33, não esconde o orgulho de ter se tornado, nos Jogos do Rio, a primeira maratonista aquática brasileira a subir a um pódio olímpico.

Mas, passado o período de encantamento, o bronze na prova dos 10 km obtido em Copacabana não teve o reflexo esperado em sua carreira.

"Para falar a verdade, depois da medalha o sentimento foi o contrário de tudo o que imaginei. A coisa ficou preta mesmo", afirmou.

Poliana disse que teve o patrocínio que recebia dos Correios cortado e, por isso, precisou recorrer às próprias economias para manter seu treinamento em dia.

A verba da estatal lhe ajudava a custear uma equipe multidisciplinar com seis componentes: massagista, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, preparador físico e seu técnico, Ricardo Cintra, também seu marido.

"Teria que pagá-los do bolso, mas não consigo. O massagista e a nutricionista têm trabalhado sem receber, de maneira voluntária", disse.

A nadadora comentou que, no momento, tem se agarrado ao pagamento que recebe de seu clube, a Unisanta, de Santos (SP). Ela também era contemplada da Bolsa Pódio, paga pelo Ministério do Esporte, que foi lançado no dia 22 de dezembro.

Segundo Poliana, a programação para a temporada de 2017 está em xeque em razão da falta de recursos. Ela disputará a primeira etapa da Copa do Mundo de maratona aquática, na cidade argentina de Viedma, em fevereiro.

Contudo, não sabe se terá condições de disputar todas as etapas do circuito, que se estende até outubro. "Ainda não temos uma programação para o ano que vem", disse.

Após tirar as "primeiras férias em dois anos" -que incluiu viagens à Índia, às Ilhas Maldivas e a Cingapura-, ela disputou neste mês uma travessia no Rio que já fez parte de sua preparação para 2017.

"Em quase 20 anos de seleção brasileira, nunca tive tanto receio. Não sei se vou ter verba para disputar o circuito mundial", afirmou Poliana, para depois ressaltar que ela e o marido têm trabalhado para obter novo apoio.
A paulistana foi campeã da Copa do Mundo em 2009 e vice-campeã agora, em 2016.

Em Campeonatos Mundiais, ela já foi ouro nos 10 km na edição de Barcelona-2013.

Além das etapas do circuito, outro torneio importante nesta próxima temporada é o Campeonato Mundial de Budapeste (Hungria), em julho.

"Eu fico na expectativa de que a situação melhore um pouco, para mim e para o esporte brasileiro. Se eu, com uma medalha, estou assim, imagino para o menino novo, que está começando", desabafou a medalhista olímpica.


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