Folha de S. Paulo


Geração de 1992 do futebol brasileiro desabrocha e se firma na elite

Eduardo Berzosa / MD
Jogador Neymar do FC Barcelona, mostra uma foto de quando ganhou o MIC ao lado de Philippe Coutinho, em 2008, pela selecao brasileira na apresentação do MIC internacional de futebol juvenil. Foto Eduardo Berzosa / MD ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Aos 16 anos, Neymar e Philippe Coutinho comemoram troféu da Mediterranean International Cup

Na seleção e no Barcelona, Neymar tem feito uma de suas melhores temporadas, com posição de destaque.

Philippe Coutinho é o principal jogador do Liverpool e tem dividido o protagonismo da seleção com Neymar.

Casemiro é o "ponto de equilíbrio" do Real Madrid, segundo o técnico Zinédine Zidane, afirmação que é corroborada por Tite na seleção.

O que eles têm em comum entre si e também com outros brasileiros que estão cada vez melhores no mundo é o ano de nascimento: 1992.

Neymar, Coutinho e Casemiro são conhecidos de longa data, frequentadores das categorias de base da seleção brasileira, tendo feito parte de uma geração vencedora desde a juventude. Em 2009, quando tinham entre 16 e 17 anos, sofreram pressão por serem eliminados na primeira fase do Mundial sub-17.

No entanto, dois anos depois, a geração provaria seu talento ao conquistar os dois torneios juvenis mais importantes: o Sul-Americano sub-20 e o Mundial sub-20.

Ricardo Moraes/Reuters
Football Soccer - Brazil v Argentina - World Cup 2018 Qualifiers - Mineirao stadium, Belo Horizonte, Brazil - 10/11/16 - Brazil's Philippe Coutinho (L) celebrates his goal with teammate Neymar. REUTERS/Ricardo Moraes ORG XMIT: BHZ21
Philippe Coutinho e Neymar comemoram um dos gols do Brasil na vitória por 3 a 0 sobre a Argentina

No time que venceu o Sul-Americano estavam, além de Neymar e Casemiro (Coutinho foi cortado por lesão), os laterais Danilo (Real Madrid) e Alex Sandro (Juventus), os meias Lucas (do PSG, que está na lista de jogadores observados por Tite) e Fernando (ex-Grêmio, atualmente no Spartak Moscou).

Neymar não participou do Mundial porque já era jogador da seleção principal.

Coutinho, Casemiro e Fernando foram campeões ao lado de outro atleta que fez grande temporada em 2016, o meia Dudu, do Palmeiras.

Para o atual campeão do Brasileiro e líder de assistências do torneio, o fato de todos eles estarem no auge da carreira no mesmo ano tem a ver com amadurecimento.

"Desde muito novos nós jogamos juntos. Quando eu estava no Cruzeiro, o Coutinho no Vasco, o Neymar no Santos, nos encontrávamos nas competições. Eles estão em um momento muito bom e eu estou em um momento muito bom aqui no Palmeiras", afirma o meia-atacante.

"Acho que a geração de 1992 sempre foi muito promissora. Desde as categorias de base sempre demonstrou ter muitos talentos, muitos jogadores em que seus clubes apostavam. O ano de 2016 é o auge desses atletas por causa do amadurecimento. Com 24 anos, muitos consideram que se chega ao topo da forma física e da performance. É uma idade em que os jogadores chegam ao alto nível. E a safra, sem dúvida, ajuda. O Brasil sempre forma muitos jogadores", diz à Folha o meia Lucas, do PSG.

Técnico da seleção sub-20 nas conquistas do Sul-Americano e do Mundial, Ney Franco acredita que o "boom" da geração de 1992 está relacionado ao fortalecimento físico dos atletas.

"Eles sempre foram fora de série tecnicamente e taticamente. Agora, aos 24 anos, estão amadurecidos fisicamente e também mentalmente. Logo que terminou o Mundial, em 2011, disse que esses jogadores estariam prontos para a Copa de 2018, que é quando eles devem repetir o que fizeram nos campeonatos sub-20", diz Franco, que atualmente mora nos Estados Unidos, onde faz cursos.

Paulo Zogaib, fisiologista com passagens por Corinthians e Palmeiras e atualmente coordenador da medicina esportiva do Esporte Clube Pinheiros e professor da Unifesp, sustenta tecnicamente o argumento do treinador.

"Nessa faixa etária, os jogadores estão no final da maturação sexual e dos tecidos musculares. É um momento em que praticamente todos estão com o corpo na fase final de formação, e então é um momento bom para assimilar as cargas de treinamento. É a partir daí que se torna possível fazer previsões sobre a longevidade maior ou menor do atleta, por exemplo. Quem chega nessa idade em boas condições, com poucas lesões, tem prognóstico positivo", observa.

"Como principal hormônio anabólico, a testosterona vai mediar esse processo de maturação. Se o atleta tem um arcabouço hormonal favorável, o desenvolvimento será eficiente e ele terá o que se pode chamar de auge físico em torno dessa faixa dos 24 anos", complementa.

Para Ney Franco, faltam apenas oportunidades para que Dudu e Lucas cavem seus espaços no grupo de Tite.

"Eles estão no mesmo nível daqueles que atualmente jogam pela seleção. Conheço o Dudu desde garoto, no Coritiba. No Mundial, não pude contar com o Neymar, então coloquei o Dudu, e ele foi um dos destaques da competição. É uma boa alternativa jogando ali pelo lado esquerdo", afirma o técnico.

Nesta temporada, a geração 1992 levantou diversos troféus. Entre outros, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes (Casemiro e Danilo, do Real Madrid), um Campeonato Italiano (Alex Sandro, da Juventus), um Francês (Lucas, do PSG), um Brasileiro (Dudu, do Palmeiras) e um Espanhol (Neymar, do Barcelona).

Pascal Pochard-Casabianca/AFP
Paris Saint-Germain's Brazilian midfielder Lucas Moura celebrates after scoring a goal during the French L1 football match between Bastia (SCB) and Paris Saint Germain (PSG) on January 10, 2015, in the Armand Cesari stadium in Bastia, French Mediterranean island of Corsica. AFP PHOTO / PASCAL POCHARD-CASABIANCA ORG XMIT: 130
O meia Lucas comemora gol marcado pelo PSG

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