Na seleção e no Barcelona, Neymar tem feito uma de suas melhores temporadas, com posição de destaque.
Philippe Coutinho é o principal jogador do Liverpool e tem dividido o protagonismo da seleção com Neymar.
Casemiro é o "ponto de equilíbrio" do Real Madrid, segundo o técnico Zinédine Zidane, afirmação que é corroborada por Tite na seleção.
O que eles têm em comum entre si e também com outros brasileiros que estão cada vez melhores no mundo é o ano de nascimento: 1992.
Neymar, Coutinho e Casemiro são conhecidos de longa data, frequentadores das categorias de base da seleção brasileira, tendo feito parte de uma geração vencedora desde a juventude. Em 2009, quando tinham entre 16 e 17 anos, sofreram pressão por serem eliminados na primeira fase do Mundial sub-17.
No entanto, dois anos depois, a geração provaria seu talento ao conquistar os dois torneios juvenis mais importantes: o Sul-Americano sub-20 e o Mundial sub-20.
Ricardo Moraes/Reuters | ||
Philippe Coutinho e Neymar comemoram um dos gols do Brasil na vitória por 3 a 0 sobre a Argentina |
No time que venceu o Sul-Americano estavam, além de Neymar e Casemiro (Coutinho foi cortado por lesão), os laterais Danilo (Real Madrid) e Alex Sandro (Juventus), os meias Lucas (do PSG, que está na lista de jogadores observados por Tite) e Fernando (ex-Grêmio, atualmente no Spartak Moscou).
Neymar não participou do Mundial porque já era jogador da seleção principal.
Coutinho, Casemiro e Fernando foram campeões ao lado de outro atleta que fez grande temporada em 2016, o meia Dudu, do Palmeiras.
Para o atual campeão do Brasileiro e líder de assistências do torneio, o fato de todos eles estarem no auge da carreira no mesmo ano tem a ver com amadurecimento.
"Desde muito novos nós jogamos juntos. Quando eu estava no Cruzeiro, o Coutinho no Vasco, o Neymar no Santos, nos encontrávamos nas competições. Eles estão em um momento muito bom e eu estou em um momento muito bom aqui no Palmeiras", afirma o meia-atacante.
"Acho que a geração de 1992 sempre foi muito promissora. Desde as categorias de base sempre demonstrou ter muitos talentos, muitos jogadores em que seus clubes apostavam. O ano de 2016 é o auge desses atletas por causa do amadurecimento. Com 24 anos, muitos consideram que se chega ao topo da forma física e da performance. É uma idade em que os jogadores chegam ao alto nível. E a safra, sem dúvida, ajuda. O Brasil sempre forma muitos jogadores", diz à Folha o meia Lucas, do PSG.
Técnico da seleção sub-20 nas conquistas do Sul-Americano e do Mundial, Ney Franco acredita que o "boom" da geração de 1992 está relacionado ao fortalecimento físico dos atletas.
"Eles sempre foram fora de série tecnicamente e taticamente. Agora, aos 24 anos, estão amadurecidos fisicamente e também mentalmente. Logo que terminou o Mundial, em 2011, disse que esses jogadores estariam prontos para a Copa de 2018, que é quando eles devem repetir o que fizeram nos campeonatos sub-20", diz Franco, que atualmente mora nos Estados Unidos, onde faz cursos.
Paulo Zogaib, fisiologista com passagens por Corinthians e Palmeiras e atualmente coordenador da medicina esportiva do Esporte Clube Pinheiros e professor da Unifesp, sustenta tecnicamente o argumento do treinador.
"Nessa faixa etária, os jogadores estão no final da maturação sexual e dos tecidos musculares. É um momento em que praticamente todos estão com o corpo na fase final de formação, e então é um momento bom para assimilar as cargas de treinamento. É a partir daí que se torna possível fazer previsões sobre a longevidade maior ou menor do atleta, por exemplo. Quem chega nessa idade em boas condições, com poucas lesões, tem prognóstico positivo", observa.
"Como principal hormônio anabólico, a testosterona vai mediar esse processo de maturação. Se o atleta tem um arcabouço hormonal favorável, o desenvolvimento será eficiente e ele terá o que se pode chamar de auge físico em torno dessa faixa dos 24 anos", complementa.
Para Ney Franco, faltam apenas oportunidades para que Dudu e Lucas cavem seus espaços no grupo de Tite.
"Eles estão no mesmo nível daqueles que atualmente jogam pela seleção. Conheço o Dudu desde garoto, no Coritiba. No Mundial, não pude contar com o Neymar, então coloquei o Dudu, e ele foi um dos destaques da competição. É uma boa alternativa jogando ali pelo lado esquerdo", afirma o técnico.
Nesta temporada, a geração 1992 levantou diversos troféus. Entre outros, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes (Casemiro e Danilo, do Real Madrid), um Campeonato Italiano (Alex Sandro, da Juventus), um Francês (Lucas, do PSG), um Brasileiro (Dudu, do Palmeiras) e um Espanhol (Neymar, do Barcelona).
Pascal Pochard-Casabianca/AFP | ||
O meia Lucas comemora gol marcado pelo PSG |