Folha de S. Paulo


Após críticas, Temer recua e decide participar de velório de jogadores

Sob críticas de parentes, que classificaram uma ausência como "desrespeito" e "falta de dignidade", o presidente Michel Temer recuou neste sábado (3) e participou de velório coletivo dos jogadores e dirigentes do Chapecoense, mortos em acidente aéreo na Colômbia na terça-feira (29).

Com uma ameaça de vaia contra o governo federal, o peemedebista havia decidido inicialmente receber os familiares das vítimas apenas em uma cerimônia militar reservada, no aeroporto municipal de Chapecó (SC).

A assessoria de imprensa da Presidência da República chegou a dizer na sexta-feira (2) que Temer "jamais cogitou" participar do velório na Arena Condá e que o objetivo era não "explorar a dor de ninguém" nem causar "constrangimentos", mas apenas dar a "devida homenagem e o devido respeito que o tema exige".

Torcedores homenageiam vítimas

Com a reação crítica dos parentes das vítimas, contudo, o presidente mudou de posição na manhã de sábado (3). Na tentativa de evitar uma saia justa durante a cerimônia reservada, prometeu aos familiares presentes que participaria do velório coletivo.

Perguntado pela Folha sobre o motivo de ter recuado, o presidente afirmou que já havia decidido ir antes, mas que não poderia anunciar.

"Não poderia dizer na sexta (2) [que iria] porque se eu dissesse, a segurança iria colocar pórticos na entrada do estádio e revistar as pessoas que entram. Então, só comuniquei que agora para facilitar a vida [de todos]", disse.

A participação do peemedebista na cerimônia fúnebre, contudo, foi discreta. Temer não discursou e, quando citado publicamente, não foi vaiado ou aplaudido, diferentemente do embaixador colombiano no Brasil, Alejandro Borda, que foi ovacionado.

Em rápida declaração à imprensa, Temer disse que a forte chuva em Chapecó na manhã deste sábado "deve ser São Pedro chorando pela morte dos jogadores". "Eu quero dizer que a União se uniu ao governo de Santa Catarina e à Prefeitura de Chapecó para prestar uma última homenagem aos falecidos nesse trágico acontecimento, que abalou o país e o mundo", disse.

Além do avião presidencial, mais três aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) foram utilizadas para transportar uma comitiva ministerial, com os ministros Leonardo Picciani (Esporte) e Ronaldo Nogueira (Trabalho) e o comandante da Aeronáutica, Nivaldo Rossato.

GRACIAS, COLÔMBIA

No velório coletivo, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon (PSB), fez o seu discurso vestindo a camisa da equipe colombiana Atlético Nacional e agradecendo, em espanhol, à solidariedade dos colombianos.

O time e a torcida do Atlético Nacional, que enfrentaria a Chapecoense na quarta-feira (30), fizeram uma calorosa homenagem às vítimas que repercutiu pelo mundo.

O país foi lembrado diversas vezes durante a cerimônia. Uma grande faixa na arquibancada dizia "Gracias por todo, Colômbia". O torcedor Gustavo Braun, 29, mandou fazer uma bandeira personalizada do país também com a palavra "gracias" para "para agradecer o carinho".

"Todos devemos tomá-los como exemplo e amar o próximo como eles fizeram", disse. "O Atlético Nacional será o segundo time de Chapecó."

O velório deste sábado também foi transmitido ao vivo pelas principais emissoras de TV do país vizinho.

Acidente em voo da Chapecoense


Endereço da página:

Links no texto: