No início da tarde desta sexta-feira (2), Alaíde Padilha, mãe do goleiro Danilo, disse, em frente ao vestiário, que o filho "foi um herói" e que sofre ao pensar que agora ele entrará no estádio "dentro de um caixão". "Os dias e as noites demoram a passar. Meu filho era só vibração. Parece que meu coração vai sair pela boca."
Bonés verdes, bandeiras da Chapecoense e adesivos –agora com um sinal de luto– estão à venda atrás da Arena Condá, em Chapecó (SC).
"Nunca achei que fosse vender essas peças por esse motivo", diz Gilmar de Quadros, 43, segurando um boné (R$ 25). Ele diz que, há 40 anos, sua família vende artigos da Chapecoense no estádio, em dias de jogos.
Agora, o motivo é outro: o velório coletivo dos mortos na queda do avião que levava o time, delegação e jornalistas para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, na madrugada de terça (29).
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Ainda usando camisas do time, torcedores se reúnem no estádio à espera do velório, que terá início na madrugada de sábado (3). De um total de 71, 51 corpos em urnas serão dispostos sob toldos no gramado da arena. O público ficará na arquibancada.
Jornalistas poderão ficar no gramado –mais de 900 de 14 países se credenciaram só nesta quinta (1º) para cobrir a cerimônia. Centenas de profissionais da imprensa já lotam a arena, transmitindo boletins ao vivo do gramado.
Os corpos chegam na madrugada deste sábado no aeroporto de Chapecó –três aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) saíram de Manaus nesta sexta-feira com destino a Medellín para transportar os corpos das vítimas. O voo tem duração média de 4 horas, com escala em Manaus na volta.
Parte dos corpos irá para outras cidades. O restante será levado em caminhões abertos até o estádio, no que promete ser um gigantesco cortejo.
Do lado de fora da arena, telões estão sendo montados na tarde desta sexta. O entorno do estádio está interditado –apenas carros com autorização podem entrar.
SOBREVIVENTES
Nenhum dos sobreviventes apresenta risco de morte. A situação de alguns é crítica, mas estabilizada.
Segundo a assessoria de imprensa do clube, o jornalista Rafael Henzel, que sobreviveu ao acidente, teve leve melhora. Nesta sexta, teria tentado falar, mas está entubado. Um parente que está na Colômbia com ele disse à Folha que Henzel está sedado. O jornalista sofreu um trauma toráxico e uma fratura de perna.
A perna esquerda do goleiro Follmann está fora de perigo e não terá que ser amputada, como a direita. Ele está entubado.
Os outros sobreviventes da tragédia são o lateral Alan Ruschel, que foi submetido à cirurgia na coluna vertebral e está com movimentos normais nos membros, já tendo conversado com a família; o zagueiro Neto, com bom estado clínico, e dois tripulantes do avião.
Ainda não há previsão sobre a alta dos pacientes.