Folha de S. Paulo


'Agora verei Danilo entrar no estádio em um caixão', diz mãe de goleiro

Nelson Almeida/AFP
(FILES) This file photo taken on September 28, 2016 shows Brazil's Chapecoense goalkeeper Danilo celebrating after defeating Argentina's Independiente in a penalty shoot-out during their Sudamericana Cup match at the Arena Conda stadium, in Chapeco, Brazil. A plane carrying 81 people, including members of a Brazilian football team, crashed late on November 28, 2016 near the Colombian city of Medellin, officials said. The survivors, two crew members and three players of Chapecoense Real Alan Ruschel, goalkeeper Danilo and Jackson Follman were transferred to local hospitals, according to radio Caracol. / AFP PHOTO / NELSON ALMEIDA ORG XMIT: SAO018
Danilo, goleiro titular da Chapecoense, que morreu em acidente aéreo na Colômbia no dia 29

No início da tarde desta sexta-feira (2), Alaíde Padilha, mãe do goleiro Danilo, disse, em frente ao vestiário, que o filho "foi um herói" e que sofre ao pensar que agora ele entrará no estádio "dentro de um caixão". "Os dias e as noites demoram a passar. Meu filho era só vibração. Parece que meu coração vai sair pela boca."

Bonés verdes, bandeiras da Chapecoense e adesivos –agora com um sinal de luto– estão à venda atrás da Arena Condá, em Chapecó (SC).

"Nunca achei que fosse vender essas peças por esse motivo", diz Gilmar de Quadros, 43, segurando um boné (R$ 25). Ele diz que, há 40 anos, sua família vende artigos da Chapecoense no estádio, em dias de jogos.

Agora, o motivo é outro: o velório coletivo dos mortos na queda do avião que levava o time, delegação e jornalistas para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, na madrugada de terça (29).

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Ainda usando camisas do time, torcedores se reúnem no estádio à espera do velório, que terá início na madrugada de sábado (3). De um total de 71, 51 corpos em urnas serão dispostos sob toldos no gramado da arena. O público ficará na arquibancada.

Jornalistas poderão ficar no gramado –mais de 900 de 14 países se credenciaram só nesta quinta (1º) para cobrir a cerimônia. Centenas de profissionais da imprensa já lotam a arena, transmitindo boletins ao vivo do gramado.

Os corpos chegam na madrugada deste sábado no aeroporto de Chapecó –três aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) saíram de Manaus nesta sexta-feira com destino a Medellín para transportar os corpos das vítimas. O voo tem duração média de 4 horas, com escala em Manaus na volta.

Parte dos corpos irá para outras cidades. O restante será levado em caminhões abertos até o estádio, no que promete ser um gigantesco cortejo.

Do lado de fora da arena, telões estão sendo montados na tarde desta sexta. O entorno do estádio está interditado –apenas carros com autorização podem entrar.

Homenagem

SOBREVIVENTES

Nenhum dos sobreviventes apresenta risco de morte. A situação de alguns é crítica, mas estabilizada.

Segundo a assessoria de imprensa do clube, o jornalista Rafael Henzel, que sobreviveu ao acidente, teve leve melhora. Nesta sexta, teria tentado falar, mas está entubado. Um parente que está na Colômbia com ele disse à Folha que Henzel está sedado. O jornalista sofreu um trauma toráxico e uma fratura de perna.

A perna esquerda do goleiro Follmann está fora de perigo e não terá que ser amputada, como a direita. Ele está entubado.

Os outros sobreviventes da tragédia são o lateral Alan Ruschel, que foi submetido à cirurgia na coluna vertebral e está com movimentos normais nos membros, já tendo conversado com a família; o zagueiro Neto, com bom estado clínico, e dois tripulantes do avião.

Ainda não há previsão sobre a alta dos pacientes.

Tragédia em voo da Chapecoense


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