Folha de S. Paulo


Empresa que atrasou voo da Chape diz que adotou protocolo de segurança

A companhia aérea colombiana Viva Colômbia divulgou uma nota nesta quinta-feira (1°) dizendo que um de seus voos que ia à ilha San Andrés, na última terça (29), teve que alterar seu aeroporto de destino para Medellín por um problema em seus indicadores de combustível. A empresa, no entanto, diz que não declarou emergência à torre de controle, ao contrário do que disseram as autoridades colombianas.

Ainda assim, por protocolos de segurança, o pouso do Airbus 320 da Viva Colômbia, em Medellín, se tornou prioritário para o controle aéreo colombiano.

Esse voo não programado atrasou o em alguns minutos o pouso do boliviana LaMia, que transportava o time da Chapecoense. Indícios apontam que a aeronave boliviana não tinha combustível suficiente para um imprevisto como este. Pela lei boliviana, um voo deve ter combustível suficiente para chegar ao seu aeroporto de destino, mudar de rota para um segundo aeroporto e ainda voar por pelo menos 45 minutos.

O plano de voo apresentado pela LaMia na Bolívia demonstra que o avião da empresa tinha capacidade para voar por 4 horas e 22 minutos. Esse era exatamente o tempo previsto no plano de voo para toda a viagem.

A Viva Colômbia diz ter seguido todos os parâmetros de segurança e as autoridades colombianas dizem que não identificou falhas na orientação feita pelo controle aéreo, pois pressupõe que todas as aeronaves respeitem regras internacionais de segurança.

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DIRETORES AFASTADOS

O Ministério de Obras Públicas da Bolívia ordenou a suspensão de executivos dos órgãos controladores da aviação no país dois dias após a tragédia no voo da Chapecoense.

O avião decolou da Bolívia em direção à Colômbia, onde houve a queda. Os afastamentos ocorrem nos corpos diretores da DGAC (Direção Geral de Aeronáutica Civil, responsável pelo registro de pilotos e aeronaves) e na Aasana (Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea, que cuida da liberação de voos, infraestrutura aeroportuária e controle aéreo).

Em entrevista coletiva, o ministro boliviano Milton Claros disse que fará uma investigação exaustiva sobre o caso e determinou a troca dos executivos para evitar eventual obstrução de provas de possíveis ligações da empresa LaMia com os órgãos.

"Não estamos responsabilizando ninguém pessoalmente, mas achamos conveniente que os executivos sejam suspensos durante as investigações."

Ele ratificou ainda que a LaMia teve a licença para voar suspensa e disse que a investigação contemplará a permissão que a empresa tinha para voar, além de averiguar a origem do capital dos proprietários da companhia.

Segundo o representante da LaMia, Gustavo Vargas, a aeronave não cumpriu o plano de reabastecer o combustível.

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COMUNICAÇÃO ENTRE PILOTO E TORRE DE COMANDO DO AEROPORTO DE MEDELLÍN

Piloto LaMia: Em aproximação e solicitando prioridade para a aproximação. Estamos com um problema de combustível.

Torre de controle: Solicita a prioridade para aterrissagem com problemas de combustível. Então lhe darei vetores [direcionamento] para localizador, para iniciar aproximação em aproximadamente sete minutos.

Piloto Avianca: É possível continuar nosso distanciamento cinco milhas mais, até as 15 mil.

Torre de controle: Não capitão, necessito que inicie a aproximação já. A aeronave adiante de você está a uma milha.

[Controladora de voo do aeroporto de Medellín organiza a aproximação e aterrissagem de duas aeronaves de duas aeronaves. Uma delas é a em que estava a delegação da Chapecoense, identificado como piloto da companhia LaMia. O outro voo é da companhia Avianca, da Colômbia.]

Piloto LaMia: Tenho uma emergência de combustível, por isso peço curso final.

Piloto Avianca: Iniciando aproximação agora

Piloto LaMia: Solicito decisão imediata

Torre de controle: Avianca Colômbia cancele a autorização de aproximação, vire para a sua esquerda com rumo 0-1-0 agora [código que identifica ângulo para direcionar aeronave].

Torre de controle: LaMia, pode agora efetuar a virada para a direita para iniciar a descida, tenha os trânsitos a uma milha para abaixo de vocês.

[Controladora de voo orienta que voo da Chapecoense tenha prioridade para pousar]

Piloto LaMia: Senhorita, LaMia 933 está em falha total, falha elétrica total, sem combustível.

Torre de controle: Pista livre e espere chuva sobre a superfície LaMia 933, bombeiros alertados.

Piloto LaMia: Vetores senhorita, vetores na pista

Torre de controle: O sinal do radar se perdeu, não tenho, notifique rumo agora.

Piloto LaMia: Estamos com rumo 3-6-0, com rumo 3-6-0

Torre de controle: Vire pela esquerda 0-1-0 proceder ao localizador de bordo Rionegro uma milha a frente del Bora [ponto de referência em relação à pista de Medellín]

Piloto LaMia: A esquerda 3-5-0, senhorita

Torre de controle: Sim, correto. Você está a uma milha do bordo Rionegro [ponto de referência]

Torre de controle: Não tenho a altitude LaMia 933

Piloto LaMia: 9 mil pés, senhorita

Piloto LaMia: vetores, vetores

[Piloto pede uma rota direta até o aeroporto, sem que tenha que passar pelo ponto de referência indicado pela controladora.]

Torre de controle: Vocês estão a 8,2 milhas da pista

Torre de controle: Que altitude tem agora?

Piloto LaMia: Jesus

Torre de controle: LaMia 933 posição?

[A partir deste momento, a torre de Medellín perde o contato com o voo da Chapecoense]

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