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Destaque da Chapecoense, Danilo, 31, morreu no auge de sua carreira

Nelson Almeida/AFP
Danilo, goleiro da Chapecoense, comemora classificação da equipe para as quartas de final da Copa Sul-Americana
Danilo, goleiro da Chapecoense, comemora classificação da equipe para as quartas da Sul-Americana

O goleiro Danilo, 31, morreu seis dias após ser o principal responsável pela classificação da Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana. Ele se tornou o herói do jogo contra o San Lorenzo, realizado na quarta (23), quando defendeu com o pé direito um chute à queima-roupa nos acréscimos do segundo tempo.

Antes, o goleiro também foi o principal personagem do time nas quartas de final do torneio. Há dois meses, defendeu quatro das oito cobranças de pênaltis e viu a Chapecoense bater o Indepediente por 5 a 4, após empate no tempo normal por 0 a 0.

Danilo Padilha, o camisa 1 do time de Chapecó, foi um dos 19 jogadores mortos no acidente aéreo, na madrugada de terça (29), na região de Medellín, onde o clube faria o primeiro jogo da decisão da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

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A morte do jogador demorou para ser confirmada e deixou a família do atleta angustiada. De acordo com a irmã de Danilo, Danielle Padilha, 27, a família foi avisada da queda do avião por vizinhos por volta das 4h da madrugada de terça. Quatro horas depois, eles viram pela televisão que o goleiro havia morrido. Pouco depois, um primo deles recebeu um áudio de um médico colombiano pelo Whatsapp afirmando que o goleiro havia sido transferido consciente para um hospital de maior parte.

Por volta das 15h, porém, a família recebeu o telefonema de um médico do hospital em que Danilo era atendido, confirmando a morte do atleta.

Segundo Danielle, o médico afirmou que seu irmão passou por uma cirurgia mas sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. Até o final da noite de terça, a família não tinha informações mais detalhadas do que ocorreu com o goleiro da Chapecoense.

Danilo começou a carreira na base do Cianorte, clube de sua cidade natal, a cerca de 500 quilômetros de Curitiba. Promovido ao elenco principal do time em 2005, no ano seguinte, ele virou titular.

A trajetória, porém, até chegar à Chapecoense foi demorada -passou por clubes de pouca expressão, como Engenheiro Beltrão, Nacional-PR, Paranavaí, Operário, Arapongas e Londrina.

Danilo foi contratado pelo clube catarinense há três anos, quando a equipe ainda disputava a Série B.

O goleiro chegou como uma aposta para ser o substituto de Nivaldo, 42, que está no clube desde 2006 e participou das principais conquistas da equipe: três acessos em cinco anos.

Em 2014, aos 28 anos, Danilo atuou pela primeira vez na Série A. O bom desempenho chamou atenção de clubes maiores, acabou quase contratado pelo Corinthians. A negociação, no entanto, não foi concretizada por desentendimentos entre os cartolas corintianos.

"O Danilo chegou ao auge da carreira nesta temporada. Ele não era alto para a posição [1,85 m], mas se posicionava muito bem e tinha muita técnica para jogar com os pés, o que hoje é um diferencial para um goleiro. Tenho certeza que isso é fruto de muito treinamento, o que o Danilo gostava demais", diz Adir Kist, 44, gerente de futebol do Cianorte.

Ele era amigo particular do camisa 1 da Chapecoense. Os dois se conheceram em 2004, quando Kist foi contratado pelo clube paranaense para ser o goleiro titular da equipe. Danilo era o segundo reserva do time.

Na época, o Cianorte era dirigido por Caio Júnior, técnico da Chapecoense que também morreu no acidente.

Kist diz que conversou pela última vez com Danilo no domingo (27), após a derrota do Chapecoense para o Palmeiras por 1 a 0.

"Conversamos apenas sobre a decisão. Eu sempre tinha a preocupação de falar para ele fazer o simples porque o excesso de confiança pode atrapalhar o goleiro. Ele, como era uma pessoa simples, escutava sempre os conselhos", afirma Kist.

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