Folha de S. Paulo


Governo colombiano encontra caixas-pretas de avião da Chapecoense

A Agência de Aeronáutica Civil, ligada ao Ministério dos Transportes da Colômbia, declarou no começo da noite desta terça-feira (29) que encontrou as duas caixas-pretas do avião que estava com a delegação da Chapecoense e caiu na cidade de La Unión, próximo a Medellín, no país.

Os materiais foram encontrados em perfeito estado (veja foto abaixo), de acordo com as autoridades colombianas.

Divulgação/Aeronáutica Civil de Colômbia
caixas pretas do avião onde estava a delegação da chapecoense nesta terça-feira (29).
Caixas-pretas do avião onde estava a delegação da Chapecoense

O anúncio do resgate das caixas-pretas ocorreu por meio das redes sociais da Agência. Segundo a equipe de aeronáutica, os dois objetos são importantes para esclarecer quais foram causas do acidente em que morreram 71 pessoas.

A informação do acidente foi inicialmente divulgada pelo general José Acevedo Ossa, membro da polícia local e responsável pelo resgate, e foi posteriormente confirmada pelo prefeito de Medellín Federico Guitiérrez Zuluaga.

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O voo da empresa Lamia, proveniente da Bolívia, transportava 9 tripulantes e 68 passageiros. Ao menos 22 jornalistas de Fox Sports, Globo, RBS e rádios estavam no voo. As autoridades colombianas informaram que havia seis sobreviventes.

São eles: o jornalista Rafael Hensel, da rádio Oeste Capital, os jogadores Alan Luciano Ruschel, Jackson Ragnar Follmann, Hélio Hermito Zampier Neto, e dois tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumiri. Eles foram encaminhados para hospitais da região, alguns em estado grave.

O goleiro da Chapecoense, Marcos Danilo Padilha, que havia sido resgato com vida, não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. A morte de Padilha foi confirmada por um porta-voz do time catarinense.

ACIDENTE

O acidente ocorreu quando a aeronave se aproximava de Medellín, no noroeste da Colômbia, segundo fontes oficiais. Por volta das 22h (horário local), a aeronave contatou a torre de controle da Aeronáutica Civil para informar que estava em emergência devido a falhas elétricas, entre as cidades de Ceja e Unión.

Segundo o aeroporto José María Córdova, na cidade de Rionegro, onde a aeronave iria pousar, o acidente ocorreu em Cerro Gordo, no departamento de Antioquia. O acesso ao local, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, é feito apenas por terra, devido às más condições meteorológicas.

"Parece que o avião ficou sem combustível", disse Elkin Ospina, prefeito da cidade de La Ceja, vizinho do local do acidente. Segundo o funcionário, as autoridades já estão no local e os centros médicos se preparam para atender os feridos.

A Aeronáutica Civil colombiana afirmou em comunicado que instalou um posto no aeroporto José María Córdova para gerenciar a situação. A prefeitura de Rionegro, pediu para a população evitar ir ao local do acidente e deixar as vias livres para facilitar o resgate das vítimas.

O diretor da Aeronáutica Civil Alfredo Bocanegra disse em entrevista à Telemedellín, canal local, que pediu para todos os envolvidos no resgate permanecerem nas buscas. "Nessas próximas horas é preciso um esforço sobre-humano. Uma só vida, vale a pena", disse, sobre o processo de resgate.

A AERONAVE

A aeronave Avro RJ85, de fabricação inglesa, da Lamia Bolívia estava em seu segundo voo do dia. Na primeira viagem, fez o trecho curto de cerca de 40 minutos, entre Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra, ambas na Bolívia.

O segundo trecho, partindo de Santa Cruz, teria como destino a cidade de Medellín, na Colômbia, numa distância de cerca de 2.960 km. A mesma aeronave já havia sido utilizada para voos fretados do Chapecoense e carregava uma pintura especial com o símbolo do clube brasileiro.

Segundo a Aviation Safety Net, a aeronave tinha 17 anos e 8 meses e há três anos ela era utilizada pela companhia aérea boliviana. Segundo informações do sistema FlightRadar, a aeronave manteve uma rota dentro da esperada até a proximidade do aeroporto internacional José Maria Córdoba.

"Esse avião, desde que tenha boas condições de manutenção, é seguro", afirma Marcus Reis, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Estácio.

A aeronave faz duas voltas no sentido anti-horário. A manobra é similar a feita por aeronaves quando estão aguardando autorização para aterrissar. Até este momento, ainda não há indícios de problemas no avião.

O último sinal da aeronave captado por receptores amadores foi às 2h55 na hora local. O avião estava viajando a 142 nós. Segundo o consultor em aviação Lito Sousa, ainda é cedo para dizer causas da queda do avião, mas a aeronave estava em velocidade baixa. "Essa velocidade só é compatível se ele estivesse muito próxima à pista do aeroporto", o que não era o caso.

O modelo Avro RJ85 já foi utilizado no Brasil pela regional TABA Amazônica, sob o nome de BAE-146.


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