Folha de S. Paulo


Assim como Tite, antecessores foram exaltados na seleção

Jorge Saenz - 14.jun.2015/Associated Press
Brazil's coach Dunga looks on during a Copa America Group C soccer match against Peru at the Bicentenario German Becker stadium in Temuco, Chile, Sunday, June 14, 2015. (AP Photo/Jorge Saenz) ORG XMIT: XMC109
Dunga durante confronto contra o Peru pelas eliminatórias sul-americanas

Com seis vitórias em seis jogos desde que assumiu o cargo de treinador da seleção brasileira, o técnico Tite virou alvo de exaltação da torcida e de parte da imprensa.

Essa lua de mel pela qual passa o treinador, no entanto, não é inédita nos últimos anos da seleção brasileira. Os técnicos Felipão, Dunga e Parreira emendaram séries de vitórias e de aparente bom desempenho antes das Copas de 2014, 2010 e 2006, e chegaram com apoio massivo a essas competições, nas quais acabaram por fracassar.

Tendo em vista esse histórico, Tite foi categórico na entrevista coletiva após a vitória por 2 a 0 sobre o Peru.

"Vocês [jornalistas] são culpados por hiper-valorização de técnico. Vocês valorizam demais e depois vocês também criticam essa hiper-valorização", afirmou.

HISTÓRICO

Antes do início da Copa de 2014, Felipão teve um ano de auge. Em 2013, sofreu com resultados inconstantes nos quatro primeiros meses de trabalho, mas caiu nas graças da torcida ao vencer a Espanha por 3 a 0 na final da Copa das Confederações, em junho.

A partir daí, conseguiu goleadas contra adversários frágeis (Austrália, 6x0; Honduras, 5x0; África do Sul, 5x0), o que só aumentou sua popularidade. Na Copa, foi exaltado até a derrota por 7 a 1 para a Alemanha, quando então passou a ser apontado como um dos principais culpados pelo resultado.

Quatro anos antes, Dunga também chegou à Copa em alta conta, mas demorou a conquistar os torcedores. Ele assumiu o cargo logo após o Mundial de 2006, e até meados de 2008 sofreu com vaias de torcedores e críticas.

Em junho de 2008, após empate contra a Argentina que deixou a seleção na quarta colocação das eliminatórias, Dunga foi bastante vaiado em Belo Horizonte.

No final de 2008, a equipe embalou após goleada por 6 a 2 sobre Portugal, e emendou vitórias sobre Itália e Uruguai. Em junho de 2009, venceu a Copa das Confederações e caiu de vez nas graças da torcida, até a eliminação na Copa de 2010.

Em 2006, Parreira tinha um elenco estelar nas mãos, com Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano no ataque, e viveu tranquilidade de 2003 até o Mundial, quando foi eliminado nas quartas de final.

"O momento do Tite é bom e temos que valorizar, mas também temos que ter calma, porque o importante é a Copa. Nós atropelamos todo mundo nas eliminatórias, na Copa das Confederações. As expectativas criadas chegaram a um nível muito alto", diz Emerson, volante na campanha de 2006.

"Nós tendemos a colocar equipes e jogadores acima do patamar que ocupam. Neste momento, ainda por cima, estamos carentes depois de eliminações. O Tite está devolvendo a seleção ao lugar que sempre ocupou. Mas é importante que todos saibam que quando chegar na Copa, a expectativa só vai ficar mais forte", completa.


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